O primeiro passo para o Governo Federal licitar a Ferrogrão já foi dado com a publicação da Medida Provisória 756, em dezembro último, gerando protestos no Pará (PA) por alterar os limites de unidades de conservação – conforme mostrou reportagem do LIVRE, a primeira da série sobre a ferrovia.Sonho antigo dos produtores de Mato Grosso, a implantação de uma rota ao Norte para o escoamento da produção de grãos começou a se tornar menos distante no final de 2016.

Com a edição da medida provisória 756 pelo governo, que alterou limites de unidades de conservação no trecho paraense da BR-163 (Cuiabá-Santarém), foi dado o primeiro passo para a licitação da Ferrogrão, uma ferrovia de 933 quilômetros, ligando Sinop, no coração da região mais produtiva do país, ao pequeno distrito de Miritituba, à margem direita do rio Tapajós.

Desde 2012, um grupo composto pelas maiores tradings que atuam em Mato Grosso (Amaggi, Louis Dreyfus, Cargill, Bunge e ADM), em conjunto com a estruturadora de negócios Estação da Luz Participações (EDLP), estuda o projeto como alternativa às atuais opções de transporte de grãos no Centro-Oeste e Norte. Juntas, as empresas são responsáveis por 70% das exportações de soja no país.
Com o anúncio da MP, que serviu para delimitar o polígono da BR-163, a previsão das tradings envolvidas é que o edital da licitação do projeto fique pronto em maio deste ano e que a concessão vá a leilão no segundo semestre.
A notícia é animadora para o setor (especialmente por baratear o frete da produção de grãos em até 40%) e foi endossada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, em visita ao município de Sinop no final do ano passado.
À ocasião, ele revelou que as licenças prévias da ferrovia eram providenciadas pelas tradings.
Devolução
As empresas viram surgir a oportunidade de financiar a estrutura a partir de 2010, quando o trecho ferroviário Cuiabá-Santarém foi “devolvido” ao Ministério dos Transportes por sua concessionária, a empresa América Latina Logística (ALL) -que hoje se chama Rumo Logística.
“A empresa preferiu voltar seus investimentos para a renovação da concessão da Malha Paulista, com o trecho de quase 2 mil quilômetros que liga Mato Grosso do Sul até o Porto de Santos”, explica o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira.
Com a desistência, as empresas passaram a correr contra o tempo para desemperrar o projeto orçado em R$ 10 bilhões. “Nossa intenção é ganhar tempo. Foram seis anos de luta só para destravar as obras que são essenciais para Mato Grosso”, destacou Maggi, quando viu a ferrovia entrar no pacote de concessões e privatizações anunciado em setembro pelo presidente Michel Temer.
A obra tem previsão de cinco anos para ser executada e o início está planejado para 2019. Para dar os próximos passos rumo a execução do projeto, a Medida Provisória precisa ainda ser votada pela Câmara Federal e Senado.
Trajeto

Arte/OLivre Imagens Google Earth

A ferrovia terá capacidade para escoar, em média, 35 milhões de toneladas de grãos por ano. O projeto prevê o transporte das cargas de grãos de Sinop a Miritituba, distrito de Itaituba, de onde serão levadas pela hidrovia do rio tapajós até os portos de Santarém, Barcarena, Itacoatiara e Santana do Amapá. Até chegar a Miritituba, a ferrovia deverá “subir” pela área de influência da BR-163. O traçado inicial prevê a saída do município de Sinop, mas existe a possibilidade de ampliação até Lucas do Rio Verde, o que aumentaria o traçado em 140 km.

Na próxima reportagem da série especial sobre a Ferrogrão, confira a discussão sobre a possibilidade de ampliação da ferrovia.

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