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Documentário da cineasta Eliza Capai norteia debate no Museu Rondon

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Documentário da cineasta Eliza Capai norteia debate no Museu Rondon

O impacto das barragens hidroelétricas, construídas em meio à biodiversidade amazônica, é uma preocupação recorrente da militância indígena no Brasil. O tema, portanto, encerra a programação da Semana dos Povos Indígenas da UFMT e ganha perspectiva audiovisual pelo olhar da cineasta Eliza Capai em “O Jabuti e a Anta”, documentário que irá nortear a atividade de exibição e debate, nesta sexta-feira (20), às 19h, no Museu Rondon.

Uma vez que na Amazônia os rios são as rodovias, a cineasta realiza um boat movie – como um road movie, mas no barco – e percorre os rios Xingu, Tapajós e Ene com sua câmera na mão, na busca por investigar as obras de barragens e hidrelétricas construídas em meio à floresta. A ideia nasce das inquietações da capixaba diante da seca na cidade de São Paulo, em 2015.

Neste trajeto, a cineasta se encontra com ribeirinhos, pescadores e povos indígenas e retratas seus estilos de vida, impactados pela chegada do “desenvolvimento” – realidade narrada pela atriz e ativista Letícia Sabatela. A produção de 2016, circulou pelos principais festivais do país e está sendo exibida na TV pelo Canal Brasil.

O encontro dessas vozes que ecoam na narrativa de Capai, vai ao encontro das linhas de pesquisa no Núcleo de Antropologia e Saberes Plurais (NAPlus) da UFMT, que com a sessão, inaugura um novo projeto de Ciclo de Cinema e Debate (CINEplus).

Documentarista Eliza Capai

“É um filme que tem bastante a ver com as nossas pesquisas que buscam dar voz a grupos minoritários, politicamente falando, pois ele recupera os saberes desses povos atingidos por barragens, buscando suas perspectivas de mundo”, afirma o coordenador do Marco Aurélio, professor no Instituto de Saúde Coletiva (ISC) e no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, ambos da UFMT.

O pesquisador, que também trabalha com antropologia visual, explica que a partir desta primeira sessão, a intenção é que as exibições do CINEPlus se tornem recorrentes. “Levando filmes que possam tratar de questões importantes no nosso contemporâneo, ligadas aos sujeitos, direitos e políticas públicas”, ressalta.

O Naplus é formado por pesquisadores em Antropologia da UFMT que trabalharam com pesquisas relacionadas ao universo LGBT, quilombola e populações indígenas, todas do Mato Grosso. Somos três professores efetivos da UFMT, o núcleo acumula colaboradores de Rondonópolis e da Universidade Federal de Rondônia.

Após a exibição, haverá debate com a participação da antropóloga Arlene Ferreira, mestre pelo PPGAS/UFMT, que defendeu dissertação sobre o impacto de barragens e hidrelétricas na vida dos povos Manoki, e do graduando em Ciências Sociais Eric Timóteo Iwyraka Kamikiawa, bolsista PIBIC-AF, da etnia Kurâ-Bakairi.

Semana dos Povos Indígenas

A atividade também encerra a programação oficial da Semana dos Povos Indígenas 2018 – Justiça, Terra, Paz e Sustentabilidade, que durante a semana, vem promovendo mesas redondas, ações, exposições e apresentações culturais em diferentes pontos do Câmpus da UFMT de Cuiabá. O evento conta com o apoio da Adufmat, Programa de Inclusão Indígena (Proind), e PET Indígena.

A partir desta quarta-feira (18), os estudantes indígenas da UFMT promovem, ainda, a atividade (Re)Existência Indígena no espaço acadêmico. Até sexta-feira (20), a ação contará com apresentações culturais, mesas redondas e terá, como última atividade, a elaboração das propostas e encaminhamentos entre os estudantes indígenas da UFMT. Confira aqui a programação completa.

O procurador Ricardo Pael também participa como debatedor na mesa que será realizada na quinta-feira (19), com o tema “Política de Mineração, Legislação e Direitos Indígenas”. O defensor público, coordenador de Direitos Humanos e Defensor Interamericano de Direitos Humanos, Roberto Vaz Curvo, e o professor José Domingues Godoy Filho também participarão do debate.

Além deles, haverá a participação da procuradora da República em Mato Grosso Cristina Melo, que na ocasião também estará lançando o livro “Terras Indígenas – Identidade, Reconhecimento e Marco Temporal”, fruto de sua experiência de atuação na área enquanto membro do MPF e da sua dissertação de mestrado.

O evento está sendo organizado pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT), em conjunto com o Conselho Indígena Missionário (CIMI), Musear, Fundação Nacional do Índio (Funai), Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat) e Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt).

 

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