Silvio Lourenço Filho, 26 anos, trabalha há 5 anos no Cemitério da Piedade como sepultador, profissão que antes era intitulada coveiro.
O emprego apareceu em um momento que a conta bancária estava na penúria e a ideia dele era ficar apenas por um mês, se estabilizar e procurar outra coisa.
Com tempo, Silvio acabou se acostumando e ficando. As atividades diária passaram a ser normais, porém quando alguém pergunta o que ele faz, a reação de susto é imediata.
“As pessoas ficam meio surpresas e, no fundo, curiosas”.
Com a proximidade do dia de Finados (2 de novembro), o Livre resolveu fazer 5 pessoas para um sepultador, que além de colocar os caixões dentro dos túmulos também é responsável pela manutenção e limpeza dos cemitérios.
1- Você já viu alma penada?
Não, nunca vi. Mas, já ouvia as pessoas falarem. Atualmente, a única coisa próxima de uma alma penada que vejo são alguns colegas de trabalho.
2- Qual o enterro mais inusitado que você já viu?
Todos são meio parecidos, mas em um deles, muitos amigos do falecido estavam bêbados. Um deles chegou a tentar quebrar um tijolo e cortou a mão. Eu acho eram amigos de bar do morto. Pelo jeito, ele era bem boêmio.
Em outro caso, o filho da falecida começou a brigar e tentar impedir os sepultadores de colocarem o caixão da mãe dele no túmulo. Foi muito triste.
3 – Você já abriu um túmulo para remover os ossos e o corpo não havia se decomposto?
Aconteceu uma vez. A pessoa estava enterrada há mais de 4 anos e eu abri o caixão para remover os ossos para um novo sepultamento. Porém, o corpo estava bem conservado. Estava os ossos e a pele. Aquele aspecto ressecado como de múmia.
4- Você já teve vontade de comer alguma oferenda deixada no túmulo?
Nunca tive. Primeiro que não podemos mexer nas coisas que as pessoas colocam e na maioria das vezes, é a penas farofa, pipoca, frutas e cachaça.
5- Qual é a pior atividade da sua rotina?
A pior coisa é fazer a limpeza do cruzeiro (aquela cruz que marca o meio do cemitério). As pessoas colocam muitas velas no local e é uma luta para tirar a parafina.
Para facilitar o trabalho, eu vou no horário que o sol está bem quente. Aí, aquele material está mole.