Alguns condutores que se beneficiaram com um esquema ilegal de compra de habilitação no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) já começaram a ter as CNHs canceladas. A informação é do delegado Sylvio do Vale Ferreira Junior, que conduz a operação Mão Dupla, deflagrada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), nesta quarta-feira (5).
Segundo o delegado, as primeiras CNHs que já estão suspensas foram identificadas pelo próprio órgão estadual, por meio de auditorias e fiscalização. Com isso, os proprietários dos documentos foram notificados e receberam prazo para devolver a habilitação.
“Algumas carteiras o Detran já cancelou, que foi o próprio Detran que identificou. Essas pessoas compareceram ao Detran e, inclusive, entregaram a carteira”, explicou.
Sobre o esquema de compra e venda de habilitação, o delegado observou que as investigações estão em andamento desde o ano passado, quando a Polícia Civil foi comunicada por meio da coordenadoria de fiscalização do Detran. Um inquérito foi aberto e novas denúncias foram recebidas.
Com base nas informações, a polícia conseguiu identificar um grupo que atuava com a venda ilícita de habilitações. A estimativa é de que o esquema já acontecia há cerca de 10 anos.
Conforme o delegado, as investigações apontam que o esquema é coordenado por um examinador do Detran, que era responsável pelas escalas das provas práticas. Agora a operação quer identificar quem foram as demais pessoas beneficiadas pelo esquema criminoso.
Até o momento, a polícia não conseguiu apurar quanto o grupo lucrou com o esquema de 10 anos.
A operação
A operação “Mão Dupla” (alusiva aos dois sentidos de uma via) cumpre 60 ordens judiciais, sendo 25 mandados de prisão preventiva e 35 buscas e apreensões nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, São Félix do Araguaia, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Tangará da Serra, Juína e Rondonópolis. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Do total, 20 servidores do Detran (Cuiabá e Tangará da Serra) e 15 particulares em colaboração, que são instrutores e donos de autoescola, com atuação conjunta de servidores, montaram um “verdadeiro balcão de negócios” dentro do órgão para o comércio de CNH’s.