Comportamento

Depois da cura, o medo: pacientes da covid evitam expor diagnóstico

Psicóloga diz que comportamento é comum em períodos de incerteza sobre doenças e pode estar ligado à falta de informações

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Depois da cura, o medo: pacientes da covid evitam expor diagnóstico
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Pessoas que contraíram a covid-19 estão evitando falar sobre seu diagnóstico. A recusa em se expor tem aparecido de diversas maneiras e já foi identificada por agentes comunitários que passaram a ficar na linha de frente de monitoramento da pandemia. 

As pessoas vão falar da covid quando a pandemia passar, agora elas estão contornando a situação para evitar falar sobre a experiência delas mesmas com a infecção”, diz a agente de saúde Dinorá Arcanjo. 

O “contorno à situação” vai da negação total de que se tornou vítima do vírus a amenizar os sintomas aparentes, que são semelhantes a outras doenças que fazem parte da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). 

“Já perguntei para algumas pessoas se ela já estava se sentindo melhor após dias com sintomas mais fortes e elas dizem que não tiveram a covid, que pegaram somente uma gripe. Mas sabemos que foi a covid porque conversamos com parentes, que afirmam que o teste foi feito e deu positivo”, conta Dinorá. 

A psicóloga Maria Aparecida Mariano, professora da Universidade Federal Mato Grosso (UFMT), afirma que esse comportamento pode estar ligado a certo “estigma” que se cria em torno de situações em que o domínio sobre as doenças ainda é incerto. 

Isso se dá pelo medo da reação das outras pessoas, dada a falta de informação de muitos. Ou o medo grande demais da doença faz com que as pessoas tentam receio de se infectar, mesmo que já tenha havido a cura”, explica. 

Seria um comportamento comum nas situações de alta tensão. O exemplo mais recente no Brasil, fora a pandemia atual, foi a infecção pelo vírus H1N1, que ficou conhecida popularmente como gripe suína. 

A situação foi constatada pela própria reportagem do LIVRE, que procurou pacientes curados para compartilharem suas histórias. A maioria pede para que seus nomes sejam mantidos em sigilo. 

“Peço que não divulgue o meu nome para eu não ter problemas futuros. Vê se pode colocar um outro nome”, pediu uma auxiliar de administração. 

Outra pessoa que havia confirmado a entrevista desistiu após algumas horas, dizendo: “pensei melhor e não quero aparecer”. 

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