Sob justificativa da mulher dele estar em uma gravidez considerada de risco, o delegado Edilson Ricardo Pick teve a prisão preventiva revogada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Também foram soltos os investigadores da Polícia Civil Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira. Os três são acusados pelo crime de tortura na cidade de Colniza (1.065 km de Cuiabá).
A decisão em caráter liminar é do desembargador Luiz Ferreira, recém-eleito para comandar a Corregedoria-Geral da Justiça, e foi proferida nesta sexta-feira (19). Os três foram presos durante a Operação “Cruciatus”, deflagrada, na terça-feira passada (16) pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, eles estariam envolvidos na prisão de pelo menos três pessoas que teriam sido torturadas.
Argumentos para conceder solturas
O argumento do desembargador Luiz Ferreira para conceder a soltura dos dois agentes foi o fato de que os policiais acusados não terem sido ouvidos pelo MPE para apresentarem suas versões quanto às acusações.
Ao revogar a prisão, o magistrado aplicou medidas cautelares, como prestação de informações em caso de mudança de endereço, proibição de comparecer à Delegacia de Colniza, devendo ser realocado de cidade, e ainda está proibido de manter contato com as vítimas supostamente torturadas.
Quanto ao delegado, o desembargador alegou que a soltura dele se fazia necessária porque a mulher dele está sob uma gravidez de risco.
“O paciente comprovou por intermédio do laudo médico acima citado que sua mulher L.K.F.P encontra-se na 27ª semana de gestação de risco, tendo em vista que o feto possui ritmo cardíaco irregular, necessitando, pois, de cuidados de ambos os pais, circunstâncias, essas, que afastam ainda mais a necessidade da prisão cautelar do paciente”, diz trecho da decisão.