Principal

Delação de Silval expõe relações do ministro Gilmar Mendes

5 minutos de leitura
Delação de Silval expõe relações do ministro Gilmar Mendes

Andrews Andrade/Prefeitura de Diamantino

Mendes cumprimenta o então reitor na Unemat, Adriano Silva, no evento de inauguração da universidade

Mendes cumprimenta o então reitor na Unemat, Adriano Silva, no evento de inauguração do campus da Unemat em que operava a Uned anteriormente

O jornal Valor Econômico traz nesta segunda-feira (04) uma matéria sobre a delação do ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB) e suas relações com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

“Poucos se sentem à vontade para falar abertamente sobre ele. Mas autoridades do meio político, do Ministério Público e do Judiciário passaram os últimos dias listando episódios questionáveis do governo Silval que se aproximam do magistrado”, diz trecho da matéria.

A delação foi considerada “monstruosa” por outro integrante do STF, o ministro Luiz Fux, responsável por sua homologação. Silval citou supostos crimes de políticos, como o ministro da Agricultura e ex-governador, Blairo Maggi (PP), dois dos três senadores por Mato Grosso, deputados e ex-deputados federais, representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e quase todos os deputados estaduais da legislatura anterior, entre eles o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB). Citou ainda o atual governador, Pedro Taques (PSDB).

Como prova da propina a deputados, o ex-governador entregou vídeos de alguns parlamentares recebendo maços de dinheiro no gabinete de Sílvio Corrêa, braço direito e ex-chefe de gabinete de Silval.

Silval entregou também membros do Poder Judiciário e do Ministério Público em trechos da delação que são investigados em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal.

A matéria afirma que um dos episódios envolvendo Gilmar Mendes lembrados na última semana foi a venda da União de Ensino Superior de Diamantino (Uned) à Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), por R$ 8 milhões, em 2013. A faculdade, fundada pelo ministro, uma irmã e três sócios na década de 1990, em Diamantino (209 km de Cuiabá), foi adquirida pelo governo na gestão de Silval.

Apesar de Gilmar já ter se afastado da Uned na época da aquisição, ele veio a Diamantino, sua cidade natal, e discursou na cerimônia de inauguração ao lado de Silval. O campus foi batizado em homenagem a Francisco Ferreira Mendes, pai do ministro. Uma reportagem da Agência Pública de junho deste ano cita que o Ministério Público Estadual (MPE) apura possíveis irregularidades na transação.

Para que fosse liberada a compra da Uned, Silval teve que articular os deputados estaduais, dando autonomia financeira à Unemat. O presidente da Assembleia Legislativa era o ex-deputado José Geraldo Riva (sem partido), investigado por diversos crimes e atualmente em busca de também fechar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Também em 2013, Gilmar Mendes recebeu das mãos de Silval Barbosa um título de honra ao mérito do governo de Mato Grosso.

A reportagem do Valor também cita outro episódio envolvendo uma outra faculdade de Gilmar, o Instituto Brasiliense de Direito Privado (IDP). Em 2012, com Riva na presidência, a Assembleia promoveu um concurso para a contratação de 430 servidores – à época a maioria dos funcionários era de comissionados. A empresa selecionada foi o IDP, fundado por Gilmar e do qual ele ainda figura como sócio.

A contratação foi criticada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).

“Entre outras coisas, diziam que o IDP não tinha experiência anterior alguma nesse tipo de atividade e acusavam o instituto de ter preparado um edital com vícios que favoreciam comissionados já instalados na Casa. Mencionavam ainda erros primários do edital, como especificar uma norma do Mato Grosso do Sul inexistente no Mato Grosso. A desconfiança era de que se tratava de uma operação capitaneada por Riva para garantir a perpetuação de aliados na Assembleia”, diz a matéria.

O concurso foi cancelado em 2013 pelo então presidente da Casa, deputado Romoaldo Júnior (PMDB), e a Fundação Getúlio Vargas foi contratada posteriormente.

A matéria também continua citando a relação de Gilmar com Riva. Em 2015, depois de ficar quatro meses preso, o ex-deputado recorreu ao STF para ser solto. “Seu advogado, Rodrigo Mudrovitsch, é professor do IDP e já havia sido defensor do próprio Gilmar”, lembra a reportagem.

Gilmar Mendes determinou a liberação e a juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, decretou nova prisão dias depois, com base em outro processo, alegando novos indícios. O ministro chamou o caso para si e determinou novamente a soltura de José Riva, de maneira similar ao procedimento adotado com relação ao empresário Jacob Barata Filho recentemente.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes