A convincente vitória do Brasil sobre a seleção do México por 2×0 deu-nos um ânimo novo. Além de nos manter no jogo e com chances concretas da conquista do hexa, a seleção canarinha vai, a cada jogo, mostrando um futebol cada vez melhor e com Neymar quase pronto para que esta seja a Copa que ele chamará de sua. Cristiano Ronaldo e Messi já estão de volta à casa derrotados e sem poder oferecer ao mundo o espetáculo que pretendiam. Que venha a Bélgica na sexta-feira!

Aqui, neste nosso Mato Grosso, os deuses ainda não chegaram a um acordo de como será o pleito eleitoral. Os partidos parecem querer sempre o desacordo que favoreça o seu interesse pessoal em detrimento do bem estar coletivo. As notícias que saem, além de controversas, mostram que ainda parece haver muito a ser discutido.

Enquanto os adversários não se mostram por inteiro, Taques, o governador, usa o tempo que lhe resta para participar de inaugurações para colocar a sua campanha na rua, atacando seus adversários de hoje que até ontem eram os melhores amigos. Usa a máquina do governo como se fosse sua e fala inverdades com tanta convicção que já há quem acredite que nelas ele acredita: desfila pelos canais de comunicação auto jactando-se como o homem que transformou Mato Grosso e que sua gestão é um exemplo para o Brasil. Põe a culpa no desarranjo das contas na roubalheira efetuada pelo governador Silval – devidamente comprovada – e na crise que assolou o país em 2015 e 2016, embora os números de crescimento do Estado não nos mostrem essa realidade. Passa-nos a impressão que ele quer dar vida a um governo que um dia sonhou, mas não acorda nunca para o governo real, que está aí, para quem quiser ver, outorgando-lhe taxa de rejeição poucas vezes vista na história do Estado.

É dono de um ego que, com certeza, distorce a realidade. E um exemplo claro disso é o VLT. Convencido de que a obra já se tornou um “elefante branco” e a ela precisa ser dada uma solução, sob pena de enorme prejuízo eleitoral, criou uma nova e fantasiosa saída: vai soltar a licitação da parte do contrato que não foi realizada – 45% – em Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, modelo de licitação criado no governo Dilma para acelerar as obras dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, Copa das Confederações da FIFA de 2013 e Copa do Mundo de 2014.

Ora, cancelado o contrato unilateralmente, pelo Governo do Estado, em 2017, após a Operação Descarrilo, na qual o ex-governador Silval, em Delação Premiada, afirmou ter recebido propina do Consórcio responsável pela obra, até hoje, quase um ano depois, não houve qualquer indiciamento ou ação penal formalizada contra as empresas. Em decisão liminar no Mandado de Segurança impetrado pelo Consórcio, a desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos, do TJMT, decidiu, em meados de janeiro, que o Estado segue impedido de consumar a quebra contratual, acatando o pedido do Consórcio de que o Governo desrespeitou o direito ao contraditório e à ampla defesa. O julgamento do mérito desse Mandado de Segurança sequer entrou na pauta do tribunal.

Falar e fazer com que seus seguidores repiquem o discurso de ter encontrado a solução para o VLT, a seis meses do final do seu mandato é balela! É balela porque a situação está sub judice, o que significa que ainda será analisado pelo juiz responsável pelo caso, portanto até a decisão final em todas as possíveis instâncias, não se poderá falar em contratar parte da obra que não foi realizada. O contrato assinado pelo Governo é global, não fatiado. Não há, então, como anunciar nova licitação. Além do mais, qual seria a empreiteira, ou novo Consórcio, que se arriscaria a executar uma obra que poderá não ser sua, além do tempo que isso ainda demandaria na esfera judicial? Na verdade trata-se de mais um factoide criado e que ele, Taques, sabe, melhor do que ninguém, que não será resolvido no tempo que ele gostaria. Mas em tempos de eleições tudo pode, tudo é permitido na caça ao voto.

Nas outras searas, a situação é de angústia. Os pré-candidatos não conseguem fechar as suas composições partidárias e os partidos leiloam seu tempo de TV. Nessa altura do campeonato não importa mais qualquer alinhamento ideológico, importa apenas amealhar maior número de benesses, em tratativas nem sempre republicanas, feitas às escuras e jamais reveladas, com promessas de loteamento dos nacos de poder na composição do governo que esperam saia vitorioso nas urnas.

A candidatura de Rossato nasceu morta. Ninguém mais dela se lembra. Pivetta já aceita ser vice de Mauro Mendes que atingido no tendão de Aquiles foi obrigado a fazer uma cirurgia que exige, pelo menos, 40 dias de repouso e já adiou mais uma vez a confirmação da candidatura em ato que seria realizado no dia 09 próximo. Se for mesmo candidato, o que não é a vontade de Jayme Campos, que sonha em levar o DEM para o colo de Wellington Fagundes, cuja candidatura ainda encontra-se em banho-maria para desespero dos aliados que prometem não abandonar o barco, como é o caso do prefeito Emanuel Pinheiro que lhe promete apoio para o senado em troca do apoio a seu filho, Emanuelzinho, para uma vaga na Câmara dos Deputados. Seria o troco de Jayme a Mauro pela traição sofrida em 2014 que culminou com a sua desistência na disputa ao senado, mesmo depois de aprovada em convenção.

Enfim, em tempos de analgesia geral pela campanha do Brasil na Copa, o povo quer mesmo, por ora, acompanhar a seleção e torcer pela conquista do hexacampeonato. Depois da Copa, bem ou mal as coisas se ajeitarão dentro do possível e o brasileiro voltará a pensar se vai votar ou não pelo descrédito político que vivemos.

*Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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