Mato Grosso

Advogado diz que grampos são “praxe” de Taques, mas depois muda de ideia e apela até para o Google

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Advogado diz que grampos são “praxe” de Taques, mas depois muda de ideia e apela até para o Google
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

O mais novo advogado de defesa do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Junior, Eronildo Sechinel dos Reis, disparou, após o depoimento de seu cliente na última segunda-feira (27), que a prática de “grampos ilegais” era “praxe” do governador Pedro Taques (PSDB) desde que era procurador da República. Depois, por sua vez, o jurista ficou um tanto “embaralhado” nas acusações, mudou de ideia e chegou a apelar para o Google. O cabo Gerson é réu na ação penal que apura o esquema de interceptação telefônica ilegal no âmbito do Executivo Estadual conhecido como “grampolândia pantaneira”.

Primeiro, Sechinel disparou enfático: “Isso é praxe de sua excelência o governador, quando era procurador isso já era praxe, é só verificar na história, o brasileiro esquece. Lamento uma autoridade pública, a maior do Estado, ter a desfaçatez de mandar um primo procurar o cabo para ele aliviar a condição do governador. Se ele é culpado ou inocente, isso é um problema dele, no Superior Tribunal de Justiça”.

A declaração do advogado dizia respeito à acusação do cabo Gerson, de que o primo do governador, o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, ofereceu dinheiro e advogado para ele quando estavam presos no Centro de Custódia de Cuiabá, com o intuito de blindar Pedro Taques. “Nós não vamos blindar ninguém, temos um fato político grave aqui e ele está envolvido, não adianta dizer que não”.

Questionado quanto ao que era praxe do governador, o advogado disse que se referia às “inovações em processos”. “Se entrar no Google, vão ver. Não sou eu que estou dizendo, leiam no doutor Google. Não tenho caso de cabeça, não se trata de casos daqui, eu não me lembro de fato de concreto”.

Na sequência, por sua vez, Sechinel mudou o discurso. “Não é praxe dele, é do Ministério Público, especialmente nos Gaecos [Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado], a utilização desses instrumentos para gravar pessoas. Grampeiam numa barriga de aluguel. Infelizmente todos nós somos, de alguma maneira, vítimas desse sistema. O Ministério Público não toma o cuidado necessário para requerer a quebra de sigilo e isso tem que acabar”.

Essa foi a primeira vez que Eronildo Sechinel participou de um depoimento do cabo, que agora conta com uma banca de três advogados, composta ainda por Neyman Augusto Monteiro e Thiago de Abreu Ferreira, que já o acompanhavam. [related_news ids=”91507, 91420, 91375, 91434, 52528″][/related_news]

Entenda o caso

Réu na ação penal que apura o esquema de interceptação telefônica ilegal conhecido como “grampolândia pantaneira”, o cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Junior, foi reinterrogado na última segunda-feira (27) pelo juiz Murilo de Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal Militar.

Dentre os alvos do novo depoimento do cabo estava o ex-chefe da Casa Civil e primo do governador Pedro Taques (PSDB), Paulo Taques. O cabo já havia sido ouvido em 27 julho, mas a defesa alegou que ele havia sido prejudicado pelo horário da audiência, que durou mais de 15 horas e terminou por volta das 5 horas da manhã. Na ocasião, Gerson foi o último a ser interrogado, já na madrugada do dia 28.

O caso dos grampos ilegais, que resultou em 13 pessoas presas, quatro secretários exonerados e nove inquéritos criminais, veio à tona em 2017, com a denúncia do promotor e ex-secretário estadual de Segurança Pública, Mauro Zaque, à Procuradoria Geral da República (PGR).

A ação penal que tramita na 11ª Vara Especializada da Justiça Militar de Cuiabá tem como réus os coronéis Zaqueu Barbosa, Ronelson Barros, Evandro Lesco, o tenente-coronel Januário Batista e ainda o cabo Gerson Luiz Correa Junior.

possível envolvimento do governador Pedro Taques (PSDB) e demais membros do Governo do Estado nas escutas ilegais está nas mãos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sem andamento significativo desde o fim do ano passado.

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