A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira (14) a quinta fase da Operação Sodoma, que investiga um amplo esquema de fraudes, desvios de verba e pagamento de propina operado na administração do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Dezessete equipes de delegados, escrivãos e investigadores estão nas ruas de Mato Grosso, Santa Catarina e no Distrito Federal para cumprir cinco mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva e nove de busca e apreensão domiciliar.
Entre os presos, estão o ex-governador Silval Barbosa, o advogado e ex-secretário de Administração Francisco Anis Faiad e o ex-chefe de gabinete, Silvio César Corrêa Araújo. Também foram cumpridos mandados de prisão contra Valdisio Juliano Viriato e o coronel José Jesus Nunes Cordeiro.
Entre os conduzidos coercitivamente para interrogatórios estão Wilson Luiz Soares, Mario Balbino Lemes Junior, Rafael Yamada Torres, Marcel Souza de Cursi e Valdecir Cardoso de Almeida.
Dos alvos desta fase, alguns já estão presos. É o caso de Silval, Silvio Corrêa, José Cordeiro e Marcel de Cursi.
O foco desta vez são contratos firmados pelo governo com as empresas Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA.
“As empresas foram utilizadas pela organização criminosa, investigada na operação Sodoma, para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra)”, disse a PJC, em nota.
Juntas, segundo as investigações da Delegacia Fazendária, as empresas receberam aproximadamente R$ 300 milhões, entre os anos 2011 a 2014, em licitações fraudadas.
“Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 7 milhões”.
Atualizada às 08h58 – Francisco Faiad chegou à Defaz por volta das 8h20 e disse que desconhece o teor das acusações. Ele disse que iria se informar e falar com a imprensa ao final.
O ex-vereador Ludio Cabral foi conduzido coercitivamente à delegacia. Ele chegou à Defaz por volta das 8h30 e declarou apenas que foi prestar depoimento.
Atualizada às 09h42 – O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Leonardo Campos, compareceu à sede da Defaz para cobrar tratamento adequado a Faiad. Advogados têm a prerrogativa de serem presos em Sala de Estado Maior, o que não existe em Mato Grosso.
“Não existe no CCC (Centro de Custódia de Cuiabá) instalações compatíveis com Sala de Estado Maior, por isso pediremos alternativa de prisão domiciliar ou ir para o Corpo de Bombeiros”, afirmou Leonardo à imprensa, destacando que atua dessa forma toda vez que um advogado preso aciona a entidade.
A OAB acompanhou as buscas na casa de Faiad. “A presença da Ordem aqui é exclusivamente para acompanhar as prerrogativas do advogado detido. Sobre o mérito é com a defesa dele”, disse. “Obviamente que, pela história do ex-presidente Faiad, eu confio na sua conduta ilibada e reputação”, completou.
Campos informou, ainda, que pode abrir um processo administrativo no Tribunal de Ética para investigar a conduta de Faiad, depois de pedir informações sobre o caso à Defaz.
Atualizada às 09h51 – Faiad já foi presidente da OAB em Mato Grosso e atualmente é consultor jurídico da Câmara de Cuiabá.
Atualizada às 10h37– O presidente da Câmara de Vereadores, Justino Malheiros (PV), espera os desdobramentos desta quinta fase da Operação Sodoma, desencadeada na manhã desta terça-feira (14), para que a Mesa Diretora possa adotar as medidas com relação ao procurador-geral do Legislativo, Francisco Faiad, preso nesta etapa.
Ele disse que o advogado é “uma pessoa competente e idônea e que a Operação não tem a ver com atividade de Faiad na Câmara”. Por enquanto, o vereador não fala em exonerar o procurador. Segundo ele, qualquer decisão será da Mesa Diretora da Casa.
Atualizada às 12h32 – Segundo o advogado Valber Melo, que defende Silval Barbosa, o ex-governador nega veemente todos esses fatos e vai prestar esclarecimentos em juízo. Ele será ouvido apenas na audiência de custódia, possivelmente ainda nesta terça-feira. “Vamos continuar insistindo na liberdade dele, porque os crimes imputados a ele têm relação com a função de governador, que ele não exerce mais”, disse o advogado.
O advogado de Silvio Corrêa, Leonardo Bacil, classificou a nova prisão preventiva de seu cliente como “sem fundamento nenhum”. Ele garante não existir nenhum fato contra Silvio Correa na nova fase da Operação Sodoma. Como ele também já está preso, assim como Silval deve passar por audiência de custódia.
Atualizada às 12h52 – O ex-vereador Lúdio Cabral deixou a sede da Defaz e afirmou que seu depoimento não foi na condição de investigado, mas sim “na condição técnica de informante”. “Todos os depoimentos não me envolvem em nenhum tipo de crime”, declarou.
Ele negou pagamento de dívidas da sua campanha com recursos desviados do governo estadual. Segundo o MPE, R$ 1,7 milhão foram pagos dessa forma. “Não tem lógica essa conta. Estávamos até calculando que R$ 1,7 milhão dá mais de 500 mil litros de combustível. A totalidade da dívida da campanha foi na ordem R$ 2,3 milhões. Após as eleições contatamos todos os credores e o partido assumiu a dívida. E esses pagamentos foram todos feitos com recursos oriundos do diretório do partido”, disse.
Atualizada às 13h58 – Faiad e Silval deixaram o prédio da Defaz. O ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi e o procurador aposentado Chico Lima continuam na delegacia. Todos os presos na operação passarão por audiência de custódia na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, onde serão ouvidos.
