Força de vontade. Essa é frase que define Félix Mamed, cuiabano de 49 anos, e que há 22 anos faz a cabeça dos homens de bom gosto da cidade. O barbeiro é um dos mais antigos e também um dos mais requisitados quando o assunto é ter o “cabelinho na régua”.

Mas antes de atingir o status de barbeiro dos famosos, Mamed trilhou um longo caminho. Na adolescência trabalhou como engraxate e, enquanto polia dezenas de sapatos ao longo do dia, admirava a mágica acontecer nos cabelos dos clientes do salão Baretta.

A perda do pai aos 19 anos fez o jovem abrir mão de alguns planos “guardei aquele sonho de ser barbeiro durante toda minha adolescência. Pensava em dar uma vida confortável para meu pai. Éramos só nos dois. E quando ele morreu, entendi que ali eu havia me tornado um homem, responsável pelos meus atos. Faculdade era algo impossível, pois eu precisava trabalhar para sobreviver” conta, relembrando como fez para caminhar com as próprias pernas.

Guiado pelo sonho de um dia ser um grande expert dos cabelos, o jovem se profissionalizou. Com a ajuda das tias, pagou o curso de cabeleireiro, que na época tinha duração de um ano e meio. Mas a vontade em se tornar um barbeiro era tamanha que em 6 meses Mamed já estava pondo em prática, o que havia aprendido no curso e por ter observado os barbeiros do salão enquanto trabalhava de engraxate.

Para completar a carga horária do curso, era preciso cortar dezenas de cabelos, até adquirir a prática. E com a tesoura que ganhou do amigo e o pente de um primo, cortava os cabelos de outros engraxates da praça Alencastro e moradores de rua, sem cobrar nada pelo serviço. “me lembro que no final do dia estava exausto e sem nenhum real no bolso. Sentia piolhos andando pelos meus braços. Mas era preciso enfrentar mais aquele obstáculo. E por outro lado era gratificante. Eu elevava a alto-estima de pessoas q eram esquecidas pela sociedade”

Para se alimentar, cortava o cabelo de funcionários das lanchonetes da cidade em troca de salgado. E por muitas vezes aquilo era seu almoço e seu jantar.

Primeiro salão no qual trabalhou, foi no bairro CPA, onde cortava cabelos por R$2,50. E por muitos natais, Mamed passou trabalhando. Quando se sentia cansado, olhava para o bolso e via que era preciso cortar ainda mais cabelos para sustentar a esposa Rosane e a filha Franciele.

Levou tempo para Mamed criar a cartela de clientes fiéis. Poucos se arriscavam a entregar o cabelo para alguém tão jovem. Dessa forma, começou a vender cachorro quente, e enquanto atendia os pedidos, um amigo tocava violão para animar a clientela. Nascia assim o grupo de pagode Caçulas do Samba, onde Mamed se aventuraria na carreira de produtor artístico.

Entre um corte e outro, foi se adaptando ao trabalho na noite, acompanhando duplas que não demorariam para despontar no cenário nacional, como Brenno Reis & Marco Viola, Ricco & Léo e tantos outros artistas. Com os shows se intensificando, as noites perdidas já faziam parte da rotina de Mamed. Com o excesso de trabalho e a saúde ficando em último plano, o barbeiro acabou sofrendo uma parada cardíaca, e ficou por 15 dias na UTI.

Tudo que se recorda é o som de seu coração através do aparelho que media os batimentos e do acordo que fez com Deus” aquele som era a certeza de que eu estava vivo. E eu combinei com Deus que iria somente cortar cabelos. Foi quando me veio a ideia de usar o desenho dos meus batimentos como logomarca”

Hoje a marca Mamed’s barbeiro atende figuras ilustres como o governador Mauro Mendes, e artistas que fazem passagem por Cuiabá

O atendimento é exclusivo e com hora marcada. A mesa de sinuca e o som ao vivo do violeiro, fazem do local, um ponto de encontro entre amigos. E Mamed deixa tudo mais leve com seu jeito divertido de atender “Nada tira minha alegria. Vejo minha trajetória e me orgulho do quanto cresci até aqui e pretendo chegar ainda mais longe”.

Para acompanhar o trabalho do barbeiro Mamed, basta segui-lo nas redes sociais. Seu atendimento é anexo ao salão Cravo e Canela, com o espaço Cravo Men Barber, no bairro Jardim das Américas.

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