Há cerca de 10 dias no regime semiaberto, o desembargador Evandro Stábile, aposentado compulsoriamente após ser condenado por venda de sentenças quando presidia o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), arrumou uma nova ocupação: vai trabalhar como assistente jurídico em um escritório de advocacia de Cuiabá.
O que chama a atenção na situação não são os pontos opostos na carreira jurídica – passar da condição de desembargador para assistente -, mas outro fator: ele vai trabalhar no escritório de seu próprio advogado, o Advocacia Maluf & Sasaki. Segundo documento protocolado à justiça, o magistrado aposentado deve cumprir 30 horas semanais, a serem desempenhadas no escritório ou em outras atividades jurídicas a serem determinadas.
Ao LIVRE, o advogado do desembargador, Akio Maluf Sasaki, tornou a afirmar que, apesar de constar como medida cautelar do regime semiaberto, Stábile não tem a obrigação de trabalhar, uma vez que é aposentado. No entanto, o emprego foi um pedido do próprio magistrado.
“Ele passou a semana no escritório com a gente resolvendo algumas papeladas e perguntou se tínhamos uma vaga de assistente para ele. Os estagiários estão adorando”, comentou.
Stábile ficou preso de setembro de 2018 ao dia 20 de maio, quando conquistou o direito a progressão de pena e passou por audiência admonitória com o juiz da 2ª Vara Criminal, Geraldo Fidélis. Ele foi condenado, em 2015, a seis anos de prisão por ter recebido R$ 100 mil de propina para manter a prefeita de Alto Paraguai (200 km de Cuiabá) no cargo.
O caso foi descoberto na Operação Asafe, deflagrada pela Polícia Federal, que apurou o esquema de venda de sentenças e resultou no recebimento de denúncia contra 37 pessoas.