Cidades

Da irreverência à depressão: ataques virtuais e políticos levaram D’Lucca à UTI

4 minutos de leitura
Da irreverência à depressão: ataques virtuais e políticos levaram D’Lucca à UTI
(Foto: Reprodução Arquivo pessoal)

A irreverência com que a personagem Almerinda abordava assuntos espinhosos relacionados, principalmente, ao cenário político de Mato Grosso não foi o bastante para “blindar” André D’Lucca, seu intérprete, das consequências, em sua vida pessoal, dessas “denúncias”. Segundo amigos, ameaças e ataques políticos ao ator sempre foram corriqueiros, mas, de uns tempos para cá, se intensificaram, principalmente, via redes sociais.

A avaliação de quem acompanhou de perto tudo isso é a de que situações assim contribuíram para a piora no quadro de desnutrição de André, o que o levou a ser transferido, na noite de sexta-feira (8), para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do pronto-socorro de Cuiabá, onde estava internado desde terça-feira (5).

“Há um tempo o André estava recebendo ameaças virtuais. Pessoas xingando por mensagens, fakes de Facebook sendo criados para escrever coisas ruins na página dele, por direct do Instagram… uma carga muito pesada. Isso estava incomodando ele demais, porque ele é uma pessoa muito honesta”, relata e amiga e assessora de imprensa Beatriz Saturnino.

“Ele estava desnutrido, muito triste. A depressão é um processo que, se a pessoa para de tomar a medicação, o quadro agrava. No nosso entendimento e pelo que a família informou, o quadro se deu por conta disso, além das dificuldades e a pressão”, relata o amigo e diretor do Cine Teatro Cuiabá, Flávio Ferreira.

De acordo com as últimas informações recebidas pela reportagem do LIVRE sobre o ator, André vem reagindo bem à medicação e já está conversando com os médicos. “Passaram um sonda gástrica e não saiu nenhum líquido, o que era a preocupação. Está conversando, lúcido e diz que até riu. É um pouquinho de tempo, porque ele ainda precisa ser hidratado”, disse uma fonte.

Um porta-voz cansado

Um ato organizado por amigos e parceiros da Cultura, está sendo realizado -a previsão era de início às 16h -, neste domingo (10), em frente ao hospital. A proposta é manifestar apoio e carinho, contrapondo a sensação de solidão do artista, que vem se mostrando cansado.

“Meu trabalho não vale de nada, a maioria dos políticos que denuncio são reeleitos. Joguei 19 anos da minha vida fora falando de política”, ele escreveu em uma publicação, em rede social, datada do último domingo (3).

“Ele luta sozinho e as pessoas o criticam”, afirma Beatriz, que ressalta ainda que o amigo é alvo de acusações levianas, que desmotivam seu trabalho. “Sempre rola aquele burburinho de que ele recebe dinheiro para fazer as críticas que ele faz. Isso o machucou, porque ele nunca se vendeu. Ele faz isso porque é um cidadão honesto, politizado, inteligente, vivido e que sabe distinguir certo e errado. Tem a consciência de que todos podem lutar por seus direitos”, completa.

Conforme a amiga, as acusações são totalmente infundadas. “Poxa, o cara não tem nem casa própria, não tem carro, anda de bicicleta. Como ele lida com política, é até mais difícil conseguir apoios e contratos melhores. Ele está trabalhando dia e noite para juntar grana para pagar um consórcio, aluguel, água e luz da escola – onde ele mora – para manter aquilo ali, que é o sonho de muitas pessoas. Além de pagar a pensão da filha. Esse é outro problema, ele não vê a filha e sofre muito com isso”.

Sobre o teor das supostas ameaças, os amigos preferem preservar André. “Se Deus quiser, ele vai sair dessa e ele mesmo vai poder contar. Mas as ameaças que a gente conhece não necessariamente tem a ver com a política, são várias questões”, garantem.

“Ninguém solta a mão de ninguém”

Apesar dos ataques virtuais, as redes sociais também estão sendo utilizadas por amigos e admiradores para manifestar carinho ao artista. Além de postagens e textos de apoio, alunos e alunas de André D’Lucca, idealizador do Espaço Incasa, no bairro CPA, fizeram vídeos com mensagens de saudades e força ao educador.

“Precisamos de você”, “somos um por todos e todos por um”, dizem as crianças. “Como você nos ensinou, eu seguro minha mão na sua para que juntos possamos fazer o que eu não consigo sozinho”, lembraram. Confira:

YouTube video

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes