Cuiabá pode ter uma nova onda de calor intenso em 2021, com a formação de um novo anticiclone a partir de abril. No início do próximo ano, o volume de chuvas deverá voltar à média histórica, mas com a tendência de redução no fim de março.
Conforme análise do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o geógrafo Rodrigo Marques, de janeiro a março, deve chover cerca de 700 mililitros na Capital.
Para o primeiro mês, a previsão é de 247,5 mililitros, sendo 220 mililitros em fevereiro e 217 em março. Se confirmada essa projeção, esses volumes devolverão a média anual iniciada em 1911 de 1.400 mililitros.
Em 2020, ano com recorde de calor, só 60% de volume esperado havia chovido entre janeiro e o início de dezembro.
“Mas, a partir de abril, quando começa o nosso inverno e seria a temporada da chuva, o volume vai ser menor, então vai ser uma temporada mais seca. E pela análise de outros anos, já sabemos que, quando a temporada de chuva é mais seca, é porque ocorreu um anticiclone”, pontua o professor.
O fenômeno foi destacado nos meses de setembro e outubro em Mato Grosso, quando várias cidades bateram recorde de calor. Nova Maringá (400 km de Cuiabá) teve o maior pico com registro de temperatura de 44,6ºC no dia 5 de outubro.
Cuiabá teve máxima de 43ºC, com duas quebras de recorde de alta temperatura no mesmo dia. Rondonópolis também elevou o nível da temperatura com 43ºC no mesmo período.
“Duas coisas levaram a esse calorão deste ano. Primeiro, não houve a entrada de frente fria que possibilitasse refrescar o clima e que levasse a chover. Tivemos a formação de um anticiclone, um fenômeno ao contrário do que leva ao resfriamento. O ar quente baixou a uma altura de 5 quilômetros e pressionou o ar quente aqui de baixo, causando a aceleração das moléculas e à sensação de calor mais intenso”, explica o professor.
Conforme o geógrafo, Cuiabá tem registrado aumento de temperatura desde 2010 no mês de agosto, quando clima deveria estar em situação de resfriamento. Nesse ano, as máximas para o mês ultrapassaram a marca de 40ºC. As temperaturas mais altas foram registradas em 2010, 2013, 2015, 2016, 2017 e 2020.