Você sabe qual a importância das manchas de sangue num local de crime? Ou que, mesmo com a morte encefálica, o corpo pode ter reflexos como movimentação da cabeça ou dos membros?
Essas e outras curiosidades do cotidiano da perícia criminal são temas dos canais nas redes sociais do @csi.matogrosso. Um espaço mantido por um grupo de quatro servidores da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec).
Cada um dos integrantes é especializado em uma área – Engenharia, Medicina, Análise de Mancha de Sangue e Meio Ambiente – e, juntos, eles querem mostrar o cotidiano do trabalho de levantamento de indícios e provas, que dão materialidade para investigações.
Os peritos Daniel Soares, Rosângela Guarienti, Luiz Vinicius Laborda e Thelma Jakeline ficaram motivados ao ver iniciativas de peritos de outros Estados que mostravam o dia a dia e até mesmo as dificuldades que os profissionais enfrentam.
Eles acreditam que a divulgação das informações pode ajudar no direcionamento de políticas públicas e valorizar o trabalho, bem como os profissionais da área.
“Todo mundo acha que a Politec lida apenas como os mortos, devido ao IML (Instituto Médico Legal). A intenção é justamente mostrar que o trabalho não é somente ir ao local e retirar o corpo com o rabecão. O profissional está ali, lado a lado com a polícia, buscando a verdade, buscando a persecução penal da Justiça”, destacou Daniel Soares.
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Desvendando os mitos
Além de associação do trabalho de perícia com o IML, outro mito em relação ao trabalho pericial vem do famoso seriado CSI. Na produção hollywoodiana, muita coisa não passa de ficção, mas fica no subconsciente da população.
Um das questões apontadas pelo grupo é a rapidez para se chegar a amostras de DNA em ossadas. Segundo Soares, a extração do código genético de um osso, de um dente é bem mais demorada do que um exame de paternidade, com amostras de pais e filhos.
“Em qualquer lugar do mundo esse processo de extração é demorado. Não é Mato Grosso, não é São Paulo, não é Brasil. É qualquer lugar do mundo! Se você for nos Estado Unidos, também vai demorar, porque ele vai ter que macerar o osso, vai ter que extrair, vai ter que amplificar. Depois ele vai ter que ver se tem a quantidade necessária para fazer confronto”, explicou.
Ele complementou ainda que algumas análise de DNA podem demorar de 3 a 6 meses só no processo de extração e amplificação.
Qualidade técnica
Daniel Soares também assegura que os peritos criminais de Mato Grosso são altamente qualificados e estudam sempre para se manter atualizados. Contudo, um dos gargalos é a dificuldade de ter material de trabalho.
“O que nos falta muitas vezes é investimento em estrutura, porque nós temos excelentes profissionais trabalhando em todas as seções da Politec”.
Desde que iniciaram criar a página no Instagram em novembro de 2018, já contam com quase 4 mil seguidores e o grupo tem recebido feedback positivo em relação á atividade da Politec.
(Informações da assessoria)