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Crise financeira afeta procura por customização de abadás carnavalescos

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Crise financeira afeta procura por customização de abadás carnavalescos
(Foto: Jhosemar Corrêa/Instagram)

Há uma frase popular que diz que o ano no Brasil só começa após o Carnaval. O mesmo não pode ser dito por quem atua nos preparativos da tradicional festa brasileira. Só que os reflexos da crise financeira já podem ser sentidos até mesmo neste período. Pelo menos é o que sentem as profissionais que trabalham na customização de abadás carnavalescos.

Uma das mais tradicionais costureiras de Cuiabá, Elaine Cristina Rebelo, 52 anos, também conhecida como Milu, já tem oferecido o serviço para clientes que buscam seu ateliê, localizado no Calçadão Antônio Maria, região central da cidade. A 15 dias do início do Carnaval, somente três abadás foram confeccionados em sua oficina.

Seria a mania do brasileiro de deixar tudo para a última hora ou seria o momento financeiro que o país e, principalmente, o Estado vivem? Na opinião da profissional, é um pouco das duas coisas, mas a falta de dinheiro ainda fala mais alto.

“Eu trabalho em comércio há 35 anos. Por mais que em janeiro tem que pagar IPVA, renovar uniforme e material escolar, quando é Carnaval, eu não sei como, mas aparece dinheiro para todo mundo. E eu notei que nesse ano, mesmo oferecendo, as pessoas dizem ‘ah, esse ano eu não posso mexer com Carnaval’”, contou Elaine.

A customização de abadás pode ser considerada um gasto supérfluo, entretanto pode caber em todos os bolsos. No ateliê de Elaine, por exemplo, os valores variam entre R$ 35 e R$ 200, dependendo do material que é utilizado na peça. Ajustes, bojos, paetês, bordados, pedrarias, telas, todos esses elementos podem encarecer o produto e dependem exclusivamente do gosto da cliente.

Mas a esperança da empresária está nos quatro dias que antecedem o Carnaval. Elaine contou que já chegou a receber entre 150 a 200 encomendas de customização somente nestes dias. E, para isso, a costureira está preparada: com ela trabalham mais três pessoas, que devem se dedicar a atender as especificidades dos clientes que sempre surgem de última hora.

Essa também é a esperança da costureira Maria Aparecida Carolino, de 45 anos, também conhecida como Cida. Ela acredita que dois dias antes da data, os clientes comecem a procurar esse tipo de serviço. Inclusive, no último sábado (9), conseguiu garantir a customização de quatro abadás, mas mesmo assim a procura ainda é considerada tímida.

O dia começa cedo para ela, por volta de 5h30, mas em datas próximas como a do Carnaval esse mesmo dia pode terminar só lá pelas 2h. Em outros anos, Cida chegou a faturar cerca de R$ 2,5 mil somente em uma semana com a confecção dos abadás. Agora, ela já sabe que o movimento não será como nos outros anos, mas não perde de oferecer o serviço à sua clientela.

(Foto: Jhosemar Corrêa/Instagram)

E para quem busca economizar até mesmo na customização da peça, pode se arriscar assistindo os vídeos do Youtube, como explica o estilista Jhosemar Correa. “O gosto de customizar já caiu no bom senso de todo mundo e tem vários tutoriais na internet que, hoje, ensinam até mesmo a cortar uma camiseta. Mas quem não tem essa intimidade com a costura, pode burlar aplicando algum adereço”.

Segundo o estilista, o investimento de se arriscar a fazer a customização própria é baixo. Um corte de gola em “V” ou gola canoa, uma amarração para transformar a peça em um cropped ou até mesmo fazer franjas custa apenas o tempo e a dedicação empregados na prática. Já para quem quer enfeitar o abadá com adereços, Jhosemar lembra que existem materiais muito baratos, como por exemplo rendas que podem custar apenas R$ 2 o metro.

“Não importa qual seja a opção escolhida, o que não dá é para deixar de cair na folia”, finalizou o profissional.

 

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