Um relatório divulgado pela People’s Vaccine Alliance alerta que cerca de 70 países pobres ou em desenvolvimento só serão capazes de vacinar uma em cada 10 pessoas durante o próximo ano. A afirmação tem em vista que a maioria das vacinas mais promissoras já foram comprados pelos países mais ricos.Na Europa, nos Estados Unidos e na maioria dos países do Leste Asiático, os governos já compraram milhões de doses de vacinas contra a covid-19 e preparam os planos de vacinação para as populações.
No Reino Unido, a vacinação em massa dos grupos mais vulneráveis começou nessa terça-feira (8). E embora ainda aguardem pela aprovação das agências de medicamentos, os Estados Unidos e a Europa já encomendaram vacinas para começar a imunização a partir das próximas semanas.
No Brasil, o governo de São Paulo pretende começar a vacinação em 25 de janeiro, com a aplicação da CoronaVac, desenvolvida pela pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Disparidade
Os países mais ricos – ou pelo menos com capacidade para comprar doses suficientes das vacinas para seu público – representam apenas 14% da população mundial. Contudo, já detêm 53% das vacinas mais promissoras.
Segundo o relatório, estes governos compraram doses suficientes para vacinar toda a população quase três vezes até o fim de 2021, se todas as vacinas atualmente em testes clínicos forem aprovadas.
O Canadá está no topo da lista: comprou mais doses per capita do que qualquer outro país, tendo o suficiente para vacinar cada pessoa cinco vezes, diz a organização, que inclui a Anistia Internacional, a Frontline Aids, a Global Justice Now e a Oxfam.
Acesso a todos
A People’s Vaccine Alliance faz um apelo a todas as empresas farmacêuticas que trabalham no desenvolvimento e produção de vacinas contra a covid-19 para que compartilhem a tecnologia e propriedade intelectual, por meio da Rede de Acesso à Tecnologia Covid-19 da Organização Mundial da Saúde.
O objetivo é que possam ser fabricadas milhões de doses a mais de vacinas seguras e eficazes, de forma a que todos tenham acesso à proteção contra a doença. “Os governos devem garantir que a indústria farmacêutica coloque a vida das pessoas acima dos lucros”, afirmou Heidi Chow, da Global Justice Now.
(Com Agência Brasil)