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Corrida e morte súbita: cardiologista esclarece dúvidas de atletas

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Corrida e morte súbita: cardiologista esclarece dúvidas de atletas

Depois da morte da advogada Taíse Bertoncello no dia último dia 17 de março, durante uma corrida de rua no entorno do Parque das Águas, em Cuiabá, causada por um mal súbito, muito se questionou sobre os fatores de risco que levam um esportista a sofrer um ataque fulminante como o que vitimou a jovem atleta. Segundo o cardiologista Rafael Menezes, as causas são mais variadas do que se possa imaginar.

O primeiro ponto que deve-se avaliar é uma história clínica detalhada para determinar a existência de alguns sintomas clínicos como dor no peito, falta de ar, palpitações, dentre outras. Durante a esta avaliação, considera-se a presença de alguns fatores de risco que aumentam a chance de um indivíduo apresentar problemas cardíacos, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo e sedentarismo. A história familiar apresenta-se como um elemento agravante em relação às doenças coronarianas que culminam em um infarto. Parentes diretos, como pai, mãe e irmãos com idade inferior a 55 anos (para homens) e 65 anos (para mulheres), que tenham tido alguma doença arterial coronária (infarto por exemplo), já servem de alerta para que este familiar direto se submeta a exames mais detalhados.

A avaliação do Checkup, que consite em uma avaliação clínica e realização de exames complementares em indivíduos assintomáticos que visam a detecção de alguma enfermidade antes do surgimento de sintomas, possui uma extrema importância para avaliar o risco que o paciente possui em desenvolver uma patologia cardíaca, seja ela infarto, arritmias e até mesmo o mal súbito. A periodicidade da avaliação de uma avaliação cardiológica pode variar de indivíduo para indivíduo. No caso de pacientes jovens, saudáveis, e sem sintomas, o checkup pode ser feito a cada 2 ou 3 anos. Já para

pacientes com alguma patologia como diabetes, pressão alta ou outros fatores de risco, a recomendação de exames periódicos passa a ser em espaço de tempo mais curtos, como a cada seis meses, por exemplo.

Dados da sociedade Europeia de cardiologia apontam que através de uma boa avaliação médica e um bom acompanhamento consegue-se detectar e evitar problemas futuros em até 90% dos casos.

“É muito comum pacientes relatarem em meu consultório que perderam o avô vitima de infarto do miocárdio aos 70… 75 anos e ficarem preocupados pela possibilidade de também desenvolverem um infarto. Sendo assim, o risco já é bem menos relevante, pois não é parente de primeiro grau e a faixa etária não é prematura”, esclarece Dr. Menezes

CASO RARO

Os ataques fulminantes em esportistas são casos isolados, mas existem. Segundo Menezes, as causas das mortes súbitas são variadas e nem todas são infartos. Estatísticas mundiais mostram uma variação de uma morte súbita durante a atividade física para cada 100 mil a 300 mil atletas.

A maior causa de morte súbita em atletas é o que os médicos classificam como cardiomiopatia hipertrófica, uma alteração genética já existente desde o nascimento do indivíduo e que se desenvolve durante a adolescência e inicio da fase adulta, causando um aumento na hipertrofia do

músculo cardíaco, em que o coração fica mais espesso e grosso, elevando os riscos de arritmia e obstrução na via de saída do ventrículo esquerdo. Dentre outras causas, existe também a má formação das artérias coronárias.

“No caso de Taíse, seria necessário avaliar se ela tinha cardiopatia ou alteração genética. Diferentemente do que muitos pensam, a maior causa de morte súbita entre atletas jovens de até 35 anos é a cardiomiopatia hipertrófica, (coração mais espesso). Já para atletas acima de 35, a causa da morte são doenças arteriais coronárias, que seria o infarto”, salientou o cardiologista.

Para quem tem essa predisposição genética, exercícios físicos podem ser considerados um fator potencializador.

“Atividades físicas como maratonas, futebol e até mesmo crossfit são modalidades intensas, que demandam uma alta carga de esforço físico e que exigem do coração uma freqüência cardíaca muito elevada, além da máxima, e podem levar à um mal súbito e consequentemente à morte súbita. O que não quer dizer que seja comum, mas para quem pratica atividades moderadas o risco é relativamente menor. Outro grupo preocupante são aqueles considerados “atletas de final de semana” que em sua grande porcentagem são obesos, ou sobrepesos, que não praticam atividades físicas regulares e se submetem à um esporte intenso (como futebol ou corrida) de forma esporádica. A chance destes indivíduos de sofrer um mal súbito é bem maior do que quem pratica atividade regularmente”, explicou Menezes.

SINTOMAS

A orientação é que, além de exames prévios para iniciar uma vida esportiva, é necessário também ficar atento aos sinais que o corpo emite, principalmente durante as atividades físicas. Dor no tórax, falta de ar desproporcional, batimentos acelerados ou descompassados e palpitações são sintomas de risco

 

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