A pandemia de coronavírus paralisou todas as cirurgias eletivas – aquelas que não demandam urgência – em Mato Grosso e na lista de quem aguarda um procedimento desse tipo estão 224 pacientes que precisam de cirurgia bariátrica.
Até o início de março, 113 cirurgias dessa natureza foram realizadas no Hospital Metropolitano de Várzea Grande. É a única no Estado a fazer esse tipo de procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E foi também o hospital escolhido pelo governo do Estado para ser referência no atendimento a pacientes graves da covid-19.
A estimativa de número de pacientes na fila de espera é da Associação Mato-grossense de Obesos. Presidente da organização, Jovelina de Campos Nunes avalia que a situação é crítica em razão da pandemia.
“Desde 2013, existem pelo menos 224 pacientes que esperam para fazer a cirurgia e mais 100 pessoas que precisam fazer a cirurgia para retirar o excesso de pele, que faz parte do tratamento”.
Segundo Jovelina, havia um grupo de 250 pessoas que, em 2013, conseguiu uma sentença judicial para que todos fossem operados pelo SUS. A causa já transitou em julgado, mas o grupo ainda espera que os procedimentos sejam realizados.
O problema é que depois que o Estado passou a concentrar as cirurgias bariátricas no Hospital Metropolitano, outros pacientes foram incluídos na fila, o que prejudicou aquele grupo inicial que já estava se preparando para a cirurgia desde quando o procedimento era feito no Hospital Geral Universitário.
Neste período de oito anos de espera, pelo menos 25 pessoas morreram, segundo Jovelina.
Cirurgia em Mato Grosso
Nos últimos 10 anos, foram operados 791 pacientes pelo SUS, no Estado. A maior quantidade de procedimentos foi realizada em 2018 e 2019, quando 250 e 292 pacientes foram operados, respectivamente.
A maioria dessas pessoas passaram pela gastroplastia com derivação intestinal, que consiste em cortar o estômago transformando-o em uma pequena bolsa de apenas 50 ml.
O procedimento foi realizado em 691 pacientes de 2009 até agora, conforme dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde.
Tempo de espera
O tratamento até à cirurgia dura cerca de um ano. Neste período, os pacientes passam por acompanhamento psicológico, nutricional e clínico. Depois deste processo, a cirurgia ocorre, em até 46 dias após a autorização médica.
Mas o tratamento não termina aí. Passados dois anos, ou até que o peso do paciente esteja estabilizado, outro procedimento é realizado: a cirurgia plástica para retirar excesso de pele.
Segundo a SES, em Cuiabá, existem 17 pacientes aguardando por esse tipo de cirurgia. A secretaria não informou quantos são em todo Mato Grosso.
Preços
Na tabela SUS, a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia custa R$ 6.145, enquanto que a gastroplasia com derivação intestinal custa R$ 4.350.
Já as cirurgias reparadoras para retirar excesso de pele do abdômen, dos braços e pernas custam aproximadamente R$ 860, cada.
Já a dermolipectomia abdominal circunferencial – que é ao redor da cintura – custa R$ 1.052,20 pelo SUS.
Nas clínicas e hospitais privados os mesmos procedimentos podem variar de R$ 10 mil a R$ 25 mil. E as cirurgias plásticas ficam entre R$ 10 mil e R$ 22 mil.
O que diz a Secretaria de Saúde?
Por meio de nota, a SES informou que existem apenas 83 pacientes na fila de espera para realizar a redução de estômago.
A Secretaria também ressaltou que a suspensão das cirurgias eletivas foi motivada para evitar um fluxo maior de pacientes em hospitais públicos em meio à pandemia do coronavírus.
“Dessa forma, os pacientes que aguardam por estes procedimentos em Mato Grosso continuam na fila da regulação para realizar o procedimento. É importante frisar que todo e qualquer procedimento tido como de urgência será realizado”.
A secretaria assegura que, ao fim da pandemia, os pacientes voltarão a ser atendidos conforme posição na fila de regulação e liberação médica para realizar os procedimentos.