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Coronavírus: saiba como é realizado o exame e por que há divergência da SES

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Coronavírus: saiba como é realizado o exame e por que há divergência da SES

A notícia de confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) em Mato Grosso, nessa segunda-feira (16), foi acompanhada pela posição da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de que o caso está sendo tratado ainda como suspeito.

Titular da Pasta, Gilberto Figueiredo diz que o método usado pelo Hospital Santa Rosa, onde o paciente está internado, não é “apropriado” para a confirmação da contaminação.

Essa informação fez surgir a dúvida sobre como o procedimento é realizado.

Na nota de confirmação do caso, o hospital informou que o resultado positivo veio do teste PCR que dá o quadro do vírus no organismo em tempo real.

O LIVRE foi atrás de detalhes do exame para o coronavírus.

PCR, o teste mais usado

PCR é o método de reação da enzima polimerase  em cadeia em tempo real de vírus. Ele consegue identificar e distinguir 21 vírus que causam doenças que vão da gripe comum à Covid-19.

A PCR é uma proteína produzida pelo fígado, onde a concentração de sangue se eleva radicalmente quando há indicativo de processos inflamatórios ou infecciosos.

“É um procedimento comum e muito confiável para a realização de exames para doenças contagiosas. Ele é diferente do raio-X, que identifica no paciente uma doença respiratória, mas não mostra o que a está causando”, explica a virologista Renata Dezengrini Slhessarenko.

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Professora de Virologia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a médica diz que esse não é o único exame disponível no mercado para a identificação dos vírus, mas é o que tem probabilidade mais alta de acerto.

“É da alta probabilidade de acerto do exame que vem o nome ‘em tempo real’. No caso do novo coronavírus, ele identifica o genoma do vírus no organismo e diz se ele está se expandindo ou não”, comenta.

Procedimento

O tempo de teste para a Covid-19 dura em média seis horas. Amostras de secreção são retiradas do nariz e da garganta e depois enviadas para o laboratório.

A virologista Renata Dezengrini explica que, quando o genoma do vírus é identificado, um pedaço é retirado para análise. Quando se coloca perto do vírus, o equipamento apropriado sinaliza a identificação por acréscimo de reagente.

“O que pode diferenciar de um laboratório para outro são protocolos usados e diferentes reagentes. Mas as técnicas são as mesmas. Reagentes diferentes podem dar resultados diferentes, mas isso é algo raro”.

(Reprodução/Agência Brasil) PCR consegue distinguir 21 vírus causadores de doenças respiratórias

A médica diz que todo laboratório habilitado a realizar esse tipo de teste têm equipamento padrão, incluindo os postos autorizados do Sistema Único de Saúde (SUS).

“São extraídos os ácidos nucleicos do material coletado que, no caso do coronavírus, são amostras de RNA. Depois, uma sequência do material é escolhida para ser ampliada, com base no material conhecido previamente do vírus”, diz nota da equipe de infectologista do Santa Rosa Lab.

A utilização da PCR para diagnóstico de coronavírus se tornou viável após pesquisadores sintetizarem a sequência genética do vírus, algo que era pesquisado desde a explosão do surto na China.

Argumento do Estado

A posição da Secretaria de Estado de Saúde pode ter relação com a necessidade de contraprova do Lacen, um laboratório estadual, vinculado ao Ministério da Saúde e que fornece os resultados de exames epidemiológicos para o setor público.

Gilberto Figueiredo diz que o laboratório que realizou o teste do caso confirmado pelo Hospital Santa Rosa “não obedece às regras estabelecidas” pelo Ministério.

“É com a contraprova [do Lacen] que vamos estabelecer esse caso como o primeiro caso. Existem outros casos similares a esses no Estado”, afirmou.

Hoje, as amostras recolhidas em Mato Grosso são levadas para São Paulo para análise no Lacen de lá.

Técnicos de Mato Grosso estão em capacitação para aplicar a metodologia adotada pelo Ministério da Saúde. A previsão da SES é que a partir de quinta-feira (19) os exames possam ser realizados pelo Lacen-MT.

Secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo diz que é preciso uma contra-prova em laboratório do Ministério da Saúde (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

A situação do coronavírus

A virologista Renata Bezengrini explica que não é possível estabelecer apenas pelos sintomas se um paciente está contaminado pela Covid-19. As reações que a doença causa são padrão para doenças respiratórias: febre, dor de cabeça, coriza e tosse.

Os mais graves são dificuldade para respirar e insuficiência renal.

“Por isso, é necessário evitar aglomeração e se higienizar sempre que possível. E, claro, passar pelo exame para confirmar se tem ou não a doença”, ela diz.

Mas, não há motivo para histeria. Agora é o momento de se prevenir, buscar informação e aplicar aquilo que é indicado para evitar a doença. É inevitável que tenhamos casos em Mato Grosso. O Rio de Janeiro já tem casos de contaminação comunitária”.

A dificuldade de controle da doença está na novidade do vírus e rápida disseminação. “É preciso entender que essa doença não é uma gripe. É uma situação nova que os centros de pesquisa estão tendo que lidar para desenvolver de controle e combate”.

Até às 16h30 desta segunda-feira (16), Mato Grosso tinha 15 casos suspeitos de contaminação do novo coronavírus, incluindo o confirmado pelo Hospital Santa Rosa.

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