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Coronavírus: nos supermercados já é difícil achar produtos de limpeza e higiene pessoal

Empresas afirmam que não é estocar alimentos e o serviço de compras delivery já está sobrecarregado

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Coronavírus: nos supermercados já é difícil achar produtos de limpeza e higiene pessoal
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

A preocupação com os efeitos do coronavírus já afeta os supermercados. Algumas redes em Cuiabá já passam por problemas de reposição de produtos específicos, que começam a faltar nas gôndolas. A maior procura tem sido por itens de limpeza e higiene pessoal. O álcool em gel, por exemplo, já está extinto.

O LIVRE identificou que, entre os consumidores, ainda não há grande busca por estocar alimentos. Mas em alguns mercados já houve aumento de filas, por conta de pessoas preocupadas em garantir a compra de itens básicos.

A reportagem apurou que a reposição de álcool e produtos de limpeza tem sido frenética em alguns mercados.

Aumentou também o número de consumidores usando máscaras enquanto fazem compras.

Servidor público, Rafael Feitosa, 32 anos, faz parte do grupo de risco. Ele tem uma imunodeficiência que causa problema degenerativo no pulmão.

“Já tive mais de 10 pneumonias, então, sou um prato cheio para a covid-19”.

Rafael Feitosa tem imunodeficiência respiratória e se enquadra no grupo de risco em relação ao novo coronavírus (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Apesar disso, seu carrinho só tem o necessário. Usando máscara, ele foi ao mercado essa semana mas sem uma lista “especial” de compras.

“Não tenho estocado alimentos. Minha compra hoje foi dois sabonetes, dois detergentes. Não adianta eu comprar 35 detergentes ou 35 sabonetes, o mercado vai estar aberto amanhã. A gente vive falando para não fazer o mal para outras pessoas, então, o que podemos fazer é ajudar o próximo”, justifica.

A comerciante Neide Barros Costa, 64 anos, pensa a mesma coisa.

“Não estou preocupada em fazer estoque no momento. Vim fazer compras porque realmente não tinha mais nada em casa”.

Elaine Cristina (a direita) e Neide Barros (a esquerda) dizem não estar preocupadas em fazer estoque de alimentos por enquanto (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Universitária, Elaine Cristina, 32 anos, avalia que atitudes como estocagem de alimentos neste momento são desnecessárias e poderiam criar problemas maiores, como aumento dos preços por conta da alta demanda.

Gôndolas vazias

Em alguns mercados, no entanto, é perceptível que as gôndolas de produtos de limpeza e higiene pessoal já estão vazias.

Álcool – líquido e em gel – já viraram artigo de luxo. A versão em gel do produto está indisponível na Capital desde o começo da semana. Na versão líquida, o preço já subiu em média 100%, passando de R$ 4 para R$ 8.

O álcool para limpeza que custa em média R$ 15, o frasco com 600 ml, já estava sem estoque em uma rede de supermercado de alto padrão na Capital.

Outros produtos que estão sendo buscados com frequência pelos consumidores são os lenços umedecidos, os borrifadores de líquido – que estão sendo utilizados para borrifar álcool – e produtos como água sanitária.

Rotina alterada

Nos mercados é visível a maior preocupação em atender os clientes com menor exposição ao novo coronavírus. A intensificação da limpeza tem sido evidente em alguns casos.

Munidos de desinfetantes e álcool, alguns funcionários se dedicam a limpar o corrimão das escadarias que dão acesso a um mercado na Avenida Miguel Sutil. A higienização dos carrinhos de compra também foi intensificada em algumas redes.

A higienização de ambientes comuns nos supermercados tem sido intensificada para combater o novo coronavírus (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

A disponibilização de álcool em pontos espalhados pela loja é outra atitude tomada pelos mercados.

“Nada de pânico”

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) orienta os consumidores a não entrar em desespero quanto a possibilidade de desabastecimento.

“Até o momento, o setor supermercadista registrou a falta apenas de álcool gel. Demais produtos continuam com o abastecimento normal nos supermercados. A falta de alguns itens nas gôndolas é devida à crescente demanda nas lojas, ou seja, um problema de reposição”, afirma em nota.

A Abras enfatizou que os supermercados são considerados atividades essencial da economia e que continuarão funcionando, mesmo com os decretos temporários estaduais e municipais de fechamento do comércio varejista para controle e prevenção do coronavírus.

Já a Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) informa que o abastecimento continua normal nas lojas até o momento e sem a falta de alimentos.

“Ressaltamos que operamos com normalidade, a população não precisa entrar em pânico, os supermercados estão preparados, inclusive, para aumentar o abastecimento, caso necessário, como já acontece em datas sazonais. Vale destacar que a higienização de carrinhos e cestas está sendo respeitada, conforme estabelecido na lei 13.486/2017”, ressalta a nota.

Mercados apresentam alternativas

A rede de supermercado Comper já disponibilizava, antes da epidemia de coronavírus, o serviço delivery.

“Neste momento em que o Ministério da Saúde e as autoridades recomendam para as pessoas ficarem em casa, fazer compra no supermercado através do site é uma alternativa importante e mais segura para todos”, informou por meio de nota.

Mas apesar da alternativa, a grande demanda pelo serviço já tem dificultado as entregas. No site do supermercado, um comunicado nesta quinta-feira (19) alertava aos consumidores:

Devido a pandemia de covid-19, tivemos um aumento excessivo de pedidos no delivery e poderão ocorrer eventuais atrasos nas entregas. Pedimos desculpas pelo transtorno e informamos que estamos tomando as devidas providências para melhor atendê-los”.

Produtos de limpeza e de hegiêne pessoal estão sendo os mais procurados pelos consumidores que temem contrair o covid-19 (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Já o Fort Atacadista, do Grupo Pereira, informou que tem trabalhado junto aos fornecedores das indústrias para garantir o abastecimento dos clientes.

“Disponibilizamos álcool em gel para a higienização das mãos de clientes e de colaboradores e, nas lojas, abrimos caixas exclusivos para idosos, além dos preferenciais. Também estamos limitando a entrada nas lojas, monitorando as filas e orientando as pessoas para que mantenham uma distância de um a dois metros das outras”, informou por meio de nota.

O Big Lar publicou em suas redes sociais o comunicado de que até 31 de março, a unidade no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá, vai estar aberta das 7h às 8h da manhã apenas para atendimento aos clientes com mais de 60 anos. Após às 8h o atendimento será aberto a todos.

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