As missas transmitidas online têm atraído mais fieis do que as missas presenciais. A constatação foi feita pelo arcebispo de Cuiabá, Dom Milton Santos, que no domingo passado celebrou a missa de Páscoa e foi assistido por 9 mil pessoas.
Em uma missa corriqueira na Catedral Metropolitana do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, uma celebração em tempos sem pandemia, reúne cerca de 300 pessoas. A missa é transmitida via rádio, mas segundo o arcebispo, nada se compara ao efeito da quarentena que fechou as portas das igrejas do país e do todo o mundo.
“É o momento de se descobrir a igreja viva que existe dentro de casa, a igreja doméstica. A comunhão é espiritual”, enfatiza.
“São Coronavírus”
Dom Milton chega a brincar com a situação inusitada provocada pela quarentena. “Eu tenho chamado esse vírus de ‘beato’ coronavírus, daqui a pouco eu vou chamá-la de ‘santo”.
Sem desmerecer os efeitos drásticos que a pandemia tem provocado, o sacerdote diz que com as medidas de isolamento social, muitas pessoas estão redescobrindo a importância da família e de ficar em casa.
Prevenção já existe desde 2010
Dom Milton conta ao LIVRE que desde 2010 a Arquidiocese de Cuiabá tem adotado medidas para combater a proliferação de doenças dentro das missas.
Naquele ano, a arquidiocese publicou um documento que faz parte de um sínodo – uma espécie de reunião convocada pelo arcebispo – e que orientou os padres e os fieis a não concederem a comunhão na boca e, sim nas mãos.
Outra recomendação foi o não abraço da paz, gesto que é comum em muitas igrejas em momentos pouco antes da comunhão.
Dom Milton conta que em algumas paróquias a medida chegou a ter resistência por parte de fieis mais conservadores.
“Existem muitos grupos de jovens que surgem sem a autorização do bispo, e que criam códigos entre si, como comungar na boca e de joelhos. A recomendação para não comungar dessa forma existe porque a saliva pode transmitir doenças”, ressalta.
Medidas contra o coronavírus
Na Arquidiocese de Cuiabá, as medidas contra o coronavírus continuarão até o fim da pandemia. Até lá, as paroquias vão continuar com as igrejas fechadas.
Dom Milton informa ainda que batizados, primeiras comunhão, crismas e casamentos poderão ser remarcados para o ano que vem.
Isso porque, para que os fiéis possam receber os sacramentos precisam passar por preparações como cursos e catequese. “Não vamos fazer nada atropelado. Se não der para fazer este ano, vamos remarcar para 2021”, pontua.