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Conversas musicais: A Janela, Roberto Carlos

Vou inaugurar essa série de textos com uma simples missão: incentivar as pessoas a dialogar com as músicas que escutam

2 minutos de leitura
Conversas musicais: A Janela, Roberto Carlos
Photo by Eric Nopanen on Unsplash

Eu não poderia começar sem antes fazer os devidos agradecimentos. Jota Borgonhoni e Francisco Escorsim, criadores do projeto Os Náufragos, me ajudaram demais a desenvolver isso que eu considero um superpoder – a capacidade de conversar com a música.

No ano de 2019, a música “A janela” do Roberto Carlos estava entre as minhas músicas mais escutadas. O motivo? Porque ela falava exatamente de um momento que eu estava passando. Não de maneira genérica ou superficial, mas falava com uma particularidade ímpar de quem sabe afundo do que está falando. É aquele alívio que sentimos quando compreendidos.

A música começa assim:

Da janela o horizonte
A liberdade de uma estrada eu posso ver
O meu pensamento voa livre em sonhos
Pra longe de onde estou

Esse foi o sentimento quando vislumbrei a possibilidade de sair da casa dos meus pais para morar sozinho. Através dessa janela eu vi um mar de possibilidades.

A música continua:

Quantas vezes eu pensei sair de casa
Mas eu desisti
Pois eu sei lá fora eu não teria
O que eu tenho agora aqui

Abrir mão do conforto da casa dos pais está perfeitamente retratado na frase “lá fora eu não teria o que tenho agora aqui”. E com certeza, isso é das coisas que mais assusta.

Meu pai me dá conselhos
Minha mãe vive falando sem saber
Que eu tenho meus problemas
E que às vezes só eu posso resolver

A relação com os pais é peça fundamental nessa decisão. Em muitos casos o filho sai de casa após um conflito, uma impossibilidade de morar com os pais. E em outros casos – como foi o meu – essa transição é pacífica.

Eu tomei essa decisão aos 25 anos, de sair da casa dos meus pais, mas com a benção deles. Isso, porque aos 18 eu já os tinha confrontado e escolhido o meu caminho passando por cima de tudo e de todos. Desta vez eu quis fazer diferente.

Desde então, para as demais decisões da minha vida, ter a benção dos meus pais se tornou fundamental e fez toda a diferença.

Bom, essa foram algumas das várias reflexões que tive ao me debruçar sob essa letra. Provavelmente ela não faça tanto sentido para você, ou talvez faça. Mas, o convite é justamente esse, pegar uma música que faça sentido para você e começar um diálogo sincero com ela.

Dentro de uma música pode estar condensado um mar de ideias e possibilidades e está ao seu alcance utilizar isso em sua vida. Depois disso, escutar uma música nunca mais será uma experiência trivial.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




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