Mikhail Favalessa/O Livre
Ex-contador de João Arcanjo presta depoimento à juíza Selma Arruda
O contador Luiz Alberto Dondo Gonçalves foi o responsável pela criação da SF Assessoria e Organização de Eventos, empresa que recebeu R$ 31,7 milhões pela desapropriação do terreno ocupado pelo bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. A venda é alvo de ação do Ministério Público Estadual (MPE) na quarta fase da Operação Sodoma, que investiga desvios de recursos públicos realizados por um grupo chefiado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Luiz Dondo confirmou ter criado a empresa durante seu depoimento à juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal, nesta quarta-feira (26).
Dondo atuou como contador do bicheiro João Arcanjo Ribeiro durante anos e foi preso na Operação Arca de Noé, em 2003.
Em seu depoimento, o contador afirmou que elaborou apenas o contrato de constituição da empresa, não tendo atuado nos demais contratos da SF Assessoria. Ele relatou ainda que chegou a ser consultado com relação à desapropriação em 2014, mas que indicou não ser possível a realização do negócio.
“Eu estive com o Filinto Muller no escritório do advogado Levi Machado. O Filinto me convidou ao escritório e disse que havia recebido crédito de uma indenização e precisava transformar isso em caixa da empresa. Eu falei para ele que não seria possível, que a empresa não tinha estrutura para ter este capital”, disse. Dondo afirmou ainda que não viu o contrato da desapropriação e que soube somente mais tarde, pela imprensa, do que se tratava.
Empresa lavou dinheiro
O Estado de Mato Grosso realizou a desapropriação da área de 55 hectares conhecida como Jardim Liberdade, em Cuiabá, por cerca de R$ 31,7 milhões da empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda. Metade deste valor retornou ao grupo liderado pelo ex-governador Silval Barbosa por meio da SF Assessoria e Organização de Eventos, criada em junho de 2013 pelo empresário Filinto Muller. Ele utilizou um laranja como responsável pela empresa, o pedreiro Sebastião Faria.
Dos R$ 15,8 milhões repassados ao grupo, R$ 10 milhões teriam sido direcionados ao ex-governador para pagamento de uma dívida com o dono de factoring Valdir Piran. O restante teria sido dividido entre os demais participantes do esquema: os ex-secretários, Pedro Nadaf, Marcel De Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto e Afonso Dalberto, além do procurador aposentado Chico Lima.