Em reunião extraordinária realizada nesta segunda-feira (18), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) revogou a suspensão do calendário acadêmico do semestre 2018/1. A decisão encaminha a retomada das aulas na próxima segunda-feira (25), a discussão dos novos calendários no prazo de 15 dias e sua apresentação em nova reunião no dia 9 de julho.
A proposta teve 30 votos favoráveis, sete contrários e três abstenções, entre as representações da gestão, dos discentes e docentes no Consepe.
Segundo a assessoria da UFMT, a reitora Myrian Serra, que presidiu a reunião, afirmou que há um “clamor social” por parte de pais e estudantes pelo retorno às aulas. “Na semana passada, conseguimos instituir a comissão no Consuni [Conselho Universitário] para discutir a nova política de alimentação”, destacou, também, a reitora.
A estudante Fernanda Trombetta, representante do Comando de Greve do Câmpus de Sinop, afirmou que a decisão da retomada das aulas a partir do dia 25 de junho foi tomada por unanimidade pelos estudantes.
“Hoje a gente conseguiu aprovar essa demanda do interior. Esse é um ponto de avanço, considerando que nossa principal reivindicação, que era a criação da comissão, foi atendida na reunião do Consuni. Agora vamos acompanhar todo o trabalho desta comissão e dos órgãos acadêmicos”, completou.
A Pró-Reitora de Ensino de Graduação e conselheira, professora Lisiane Pereira de Jesus, lembrou que as questões sobre o calendário acadêmico serão resolvidas pelos colegiados de curso.
“Eles têm autonomia para deliberar a respeito desse calendário. A Proeg tem uma comissão que faz o calendário de todos os cursos e dentro dessa comissão estão os gerentes dos Câmpus do interior. Cada Câmpus vai encaminhar sua proposta de calendário acadêmico de acordo com a data em que cada Câmpus paralisou suas atividades. Se for preciso que tenhamos um calendário para cada Câmpus, teremos”, afirmou.
Sem consenso
O Comando de Greve Estudantil do Campus Cuiabá, no entanto, alega “golpe” e nega consenso com o conselho, afirmando que as deliberações são feitas em instâncias representativas dos estudantes, uma vez que a greve é estudantil, aprovada em assembleia-geral da categoria.
“Os estudantes começaram a greve e os estudantes é que colocarão fim à greve e não a reitora. Até porque há quatro meses estamos tentando negociar, para podermos voltar às aulas com nossos direitos garantidos. Ela desrespeita a democracia de forma autoritária. Não aceitamos”, afirmaram, em nota.
Para discutir o fim da greve, uma reunião do Conselho de Entidade de Base, instância deliberativa com os Centros Acadêmicos, acontece nesta terça-feira (19), no Diretório Central dos Estudantes. Assembleias de Curso e uma nova Assembleia Geral Estudantil também devem ser convocadas nas próximas semanas.
Greve Estudantil
Os estudantes da UFMT estão em greve geral estudantil, desde o dia 8 de maio, contra o aumento do valor das refeições (que hoje custam R$ 1 e R$ 0,25 o café da manhã) no restaurante universitário (RU), anunciado pela reitora Miryam Serra em fevereiro deste ano. De acordo com a proposta, estudantes com renda superior a 1,5 salário mínimo pagariam R$ 11; os com renda inferior teriam gratuidade; e os que apresentarem critérios de vulnerabilidade de um edital, pagariam $ 5.
A defesa da universalidade do RU, no entanto, já havia começado com uma ocupação na guarita anterior a deflagração da greve, seguindo com a ocupação da reitoria do Campus Cuiabá e de prédios administrativos como o bloco Casarão. A movimentação foi marcada por pedidos de reintegração de posse e protestos em reuniões deliberativas da administração superior.
Após seguidos adiamentos da implantação da nova política de alimentação, a reitoria da UFMT suspendeu o reajuste nas refeições do Restaurante Universitário até dezembro de 2018. A decisão foi encaminhada aos Comandos de Greve dos estudantes e Diretório Central dos Estudantes (DCE’s) dos Campus de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Araguaia e Rondonópolis, no dia 15 de maio.
No documento enviado há o compromisso de construir, por meio do Conselho Universitário (Consuni), uma nova política de alimentação a partir de 2019. Para isso, será necessária a readequação de despesas em 2018 para garantir o funcionamento da Universidade.