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Conheça o fritay, o “baguncinha do Haiti”

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Conheça o fritay, o “baguncinha do Haiti”

Quando um imigrante chega à cidade, ele traz na bagagem não só expectativas de uma vida melhor, como também, incorporadas à sua vivência, as tradições de seu povo. Logo, elas passam a compor um grande caleidoscópio. E no caso do Brasil, novos costumes só têm a somar à história do país e reforçar o caráter plural que agrega mais valores à cultura brasileira.

Pouco a pouco os haitianos que chegaram a Cuiabá têm revelado suas tradições, inicialmente, com mais ênfase, por meio da música. Mas agora, uma nova faceta se revela: a gastronomia haitiana.

O jovem Benjamin Romual, com apoio da esposa Leone Geoffrard, acaba de abrir as portas da modesta casa nos arredores do bairro Areão para servir aos seus clientes, a tradicional comida de rua do Haiti.

“O fritay é o baguncinha cuiabano”, diz o empresário, que para fisgar a todos, também assa espetinhos ao modo brazuca. “Por R$ 2,50, o de carne acompanha vinagrete e mandioca, mas já na próxima semana começo a servir com farofa e arroz branco. Acho que o valor vai subir, mas só um pouquinho”, diz preocupado em não perder clientes.

Mas a grande estrela da casa é mesmo a comida de rua mais conhecida do Haiti. “Sabe quando vocês dizem que vão sair para comer fora e querem um baguncinha? Lá no Haiti a gente pede o fritay”, diz com o português quase afiado. Já a esposa está no processo de aprendizado de nossa língua. Fala bem pouco, mas as mãos é que mandam o recado. É ela quem prepara o prato.

Enquanto espero sentada em uma das mesas na calçada, que seguem o contorno de uma curva, ele conta como vieram parar em Cuiabá. Benjamin chegou à cidade em 2013 para passear. Já Leone, há um ano e meio.

“Vim ver os primos e um irmão, mas acabei ficando por aqui”. Há 20 dias ele deixou a equipe da espetaria que trabalhava como garçom de noite, para dedicar-se ao seu próprio negócio. “Mas de dia, continuo trabalhando como pintor também. E eu tenho muitos planos de fazer melhorias na casa para atender meus clientes”, idealiza.

“De vez em quando – mas só de vez em quando [se diverte]-, eu vou no lambadão”, entrega, revelando que já incorporou aos seus hábitos algumas das paixões mato-grossenses.

Na sequência, Leone chega à mesa com o “baguncinha haitiano” nas mãos. O fritay é um prato despretensioso, bem simples, que vem com saladinha verde, com alface, repolho e tomate; dois pedaços de frango frito e uma versão da banana da terra – também frita e bem amarelinha – que chama a atenção: elas vêm em forma de discos, amassadas para chegar nesse formato. Carne frita também pode substituir o frango.

Versão completa com feijão, arroz e molho de pimenta. A foto é ilustrativa. (Alexandre Disaro / Editora Globo)

Um amigo haitiano que acabava de chegar, me alertou: “joga o ‘vinagrete’ em cima da banana”. Benjamin, completou: “e também coloque o molho de pimenta na banana…”. Feito. O fritay é uma comida tal qual a cuiabana, simples, despretensiosa e moderadamente apimentada e sai apenas R$ 10 reais.

O casal serve clientes de segunda a segunda-feira, das 19h às 23h. O restaurante – cujo nome ainda passa por uma curadoria – fica na Av. Desembargador Antônio Quirino de Araújo, n. 343, bairro Areão. Mais informações: 98114 4890 (Benjamin)

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