Com incentivo do Prêmio Tradições, da Secretaria de Estado de Cultura, os cineastas Claudio Dias e Gilson Costta, registraram no documentário Giramundá – o Congo e a Diáspora, uma das mais ricas manifestações culturais de Mato Grosso.
A obra etnográfica será lançada nesta quinta-feira (23), às 19h, no Centro Cultural da UFMT. Já no sábado (25), terá exibição especial para a população de Nossa Senhora do Livramento, onde ocorreram as filmagens. Vai ser às 19h, na casa de São Benedito e ambas sessões têm entrada gratuita.
De acordo com Gilson Costta, um dos realizadores, o projeto nasceu da vontade de divulgar o congo mato-grossense, para o resto do Brasil. A obra foi idealizada a partir da parceria entre o Núcleo de Produção Digital (UFMT Araguaia) e o Projeto Cangoma e com a pesquisa de Herman Oliveira.
A população de Livramento (a 40 km de Cuiabá) é uma das detentoras da tradição do congo, uma manifestação artística de uma comunidade negra rural. Este teatro-ritual representa a guerra entre dois reinos (Congo e Angola) e tem como centro da disputa uma questão territorial. A base desta expressão artística que reúne cenografia, coreografia, drama e música, é a devoção a São Benedito e tradicionalmente ocorre no mês de abril.
Na produção cinematográfica, os realizadores reverenciam também, os esforços de um dos principais animadores culturais da cultura popular tradicional. “A dança do congo em Livramento ganhou dimensão através do trabalho do rei perpétuo do congo, o senhor Cesário Sarate. Importante personagem cultural da região, Cesário, realizava diversas atividades filantrópicas na casa de São Benedito. Essa figura histórica de Mato Grosso faleceu em novembro de 2004”, conta Gilson Costta.
Já Claudio Dias ressalta que a manutenção desta tradição é símbolo de força e autoestima. “Atualmente, alguns moradores de Cuiabá, Várzea Grande e Livramento, todos com origem no Quilombo de Mata Cavalo, se reúnem na festa de São Benedito em Livramento para encenar a Dança do Congo como uma forma de contar sua história e fortalecer a identidade quilombola em um ritual sagrado de resistência cultural”, afirma.
