O sol forte de 11 horas em Cuiabá não impediu que dezenas de pessoas se reunissem para prestar as últimas homenagens ao idoso Isael Lourenço. Morador do bairro Pico do Amor, ele ficou desaparecido por 10 dias, até que foi encontrado morto, em uma área de preservação permanente quase oito quilômetros distante. Nesse domingo (29), dia em que seu corpo foi encontrado, ele faria 81 anos.
A capela do Cemitério Parque Bom Jesus de Cuiabá ficou pequena nesta manhã. O corpo, velado em um caixão fechado, ficou no local por cerca de 30 minutos. Lá, um padre deu à família e amigos palavras de alento. Depois, todos seguiram em cortejo para o local do sepultamento.
Cerca de 100 pessoas estiveram presente. Algumas usavam branco, como símbolo da paz, tranquilidade. “Ele finalmente descansou”, disse um dos presentes. Outros usavam preto, estampando o luto pela perda de um ente querido.
As homenagens foram prestadas pelos familiares, que se emocionaram no enterro. Um dos 10 netos de seo Isael Lourenço, Fernando, falou, na cerimônia, em nome da família. “Deus proporcionou um bom tempo pra ele”, disse, se referindo à vitalidade do avô.
No cemitério, também estiveram presentes a Zafira e o Hórus. Ambos são cães labradores, mãe e filho. Segundo familiares, eles foram primordiais para que o corpo de seu Isael fosse encontrado.
De muitos amigos
De acordo com o filho do idoso, Nilton Lourenço, o pai era caseiro. “Gostava de tomar uma cervejinha, gostava de ver pessoas”, lembrou. Segundo ele, era comum Isael sair de casa para caminhar. Supermercados seriam seus pontos preferidos. Uma das grandes redes, o Big Lar, chegou a enviar uma coroa de flores para o velório.
Outra familiar disse que, apesar de morar próximo ao Shopping 3 Américas, Isael costumava circular pela região do Pantanal Shopping. Foi naquelas redondezas que ele foi encontrado, 10 dias depois de seu desaparecimento.
Enigma
Quando saiu de casa, na tarde de quinta-feira (19), Isael não imaginava que deixaria cinco de seus seis filhos, 10 netos, quatro bisnetos e sua esposa. Até o momento, as causas da morte não foram reveladas.
O desaparecimento do idoso teria sido percebido pela esposa, que entrou em contato com ele, pelo celular, e percebeu que algo estava errado. Em seguida, os filhos passaram a telefonar, e notaram que Isael parecia “desatordoado”. “Ele não conseguia falar onde estava”, explicou Nilton.
Depois, a família não conseguiu mais contato via celular. Foi então que acionaram a polícia. Uma grande campanha mobilizou as redes sociais. Foi através de mobilização que a família conheceu o adestrador Raione Correa.
Dono dos cães farejadores, ele e um familiar chegaram a adentrar a área de preservação onde seu Isael estava. A família chegou ao local após conseguir rastrear o sinal da última ligação com o idoso.
As buscas no local foram feitas em dias alternados, até que, com auxílio de lençóis, travesseiros e uma camisa do idoso, os cães Zafira e Hórus apontaram que, de fato, o idoso havia passado pelo local.
“Era uns 90% de probabilidade, então chamamos os bombeiros”, contou Nilton.
Com auxílio de um cão farejador, o Corpo de Bombeiros retornou à área no domingo, quando encontrou o corpo. Pelo avançado estágio de decomposição, a perícia anotou que a morte teria acontecido por volta do dia 21 de setembro – dois dias após seu desaparecimento.
Segundo Nilton, não há sinais de violência. No entanto, um laudo com as causas da morte só deverá ser liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) no fim de outubro.
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Errata: O nome do filhote da Zafira é Hórus, já corrigido na matéria com a ajuda da leitura Raione Correa. Grato Raione!
