De tempos em tempos a humanidade tenta prever as catástrofes naturais. Desde a antiga China, na dinastia Han, por volta de 78–139 d.C., Zhang Heng, conhecido por ter inventado o primeiro sismógrafo do mundo, viu a necessidade de coletar informações e estudar sobre esse fenômeno da natureza: o terremoto. Essa busca por informações antecipadas sobre terremotos tem sido a pauta de muitos países nos últimos dias. Os números de mortos passam das centenas de milhares e o prejuízo é de bilhões de dólares. Os Terremotos do Haiti, Japão, Nepal, Equador e Itália nos fazem questionar: onde e quando se dará o próximo terremoto?

Sou Aroldo Maciel. Tive as mesmas dúvidas sobre os terremotos e estou em uma pesquisa que já dura mais de cinco anos. Formulei uma teoria sobre como os terremotos, possivelmente, se correlacionam, com base em estatística e repetições de eventos, e como essas repetições podem responder de forma probabilística quais serão os próximos países a sofrer os abalos.

Certamente, a temática abordada aqui é polêmica e intrigante no que se refere ao campo da sismologia. Poderíamos simplesmente classificar esta pesquisa como mais uma, porém, após inúmeras constatações, tendo milhares de seguidores como testemunhas nos quase cinco anos de pesquisa, tenho motivos para acreditar que descobri algo fantástico.

No início, os ensaios de antecipação de eventos sísmicos pareciam um problema sem solução, tentativas de compreender as atividades sísmicas e um comportamento cíclico. Hoje, com as informações em tempo real sobre cada evento sísmico, evidências apontam para um futuro repleto de indícios.

Essas repetições me levaram a uma busca por um padrão global. Hoje, nos primeiros dias de 2017, estou muito confiante de que encontrei esse padrão e de que ele pode ser catalogado, assim que for aceito pela comunidade científica. O histórico de eventos correlacionados ou padrões de migração sísmica não é um estudo inédito. A observação de tais fenômenos, antes de um grande terremoto, foi proposta por Mogi (1968). Desse modo, a metodologia proposta pode ajudar na antecipação de terremotos com base na observação de históricos de eventos sísmicos ocorridos de 2004 a 2010, em intervalos de tempo em um dos principais catálogos sísmicos do mundo: o Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu (EMSC).

O modelo de migração sísmica ainda está em desenvolvimento. Mesmo hoje, depois de anos, ainda recebo duras críticas e acredito que seja por estar na direção oposta aos modelos atuais da sismologia. No ano de 2012 apresentei pela primeira vez o material no AGU – Fallmeting (encontro de geofísicos em San Francisco, California, nos Estados Unidos) em uma parceria entre a Universidade de Brasília (UNB) e a Universidade de Cuiabá (UNIC).

No decorrer desses cinco anos houve centenas de alertas e vídeo-conferências, os quais, com coordenadas e probabilidades, foram compartilhados em rádios, jornais e programas de TV do Chile. O principal fato que deu força à minha teoria foi a divulgação em cadeia nacional chilena, em março de 2014, de um forte evento na primeira semana de abril em Tarapacá  evento de 8.4 pontos na escala de Richter , confirmado em abril do mesmo ano.

Outro evento de importância foi o forte terremoto de 8.5 pontos na escala Richter, anunciado em agosto de 2015 e ocorrido no mês de setembro de 2015 em La Serena, região de Coquimbo. Em quase uma hora de programa, um mês antes do ocorrido, abordei os riscos e o nome exato da cidade, especificando, também, a magnitude. Um tsunami devastou a costa em La Serena e, milagrosamente, o número de mortos não passou de 12.

A Migração Sísmica, temática abordada, traz de volta uma polêmica à luz da ciência. A possibilidade de antecipação de eventos sísmicos parece ser umas das discussões que retorna de tempos em tempos. Embora grandes nomes tenham feito o mesmo questionamento frente às correlações em outras épocas, a falta de um arquivo ou banco de dados com atualizações em tempo real pode ter feito a diferença no que se refere à aceitação do modelo proposto para a época.

Atualmente o fluxo de dados e a informação estão disponíveis em tempo real, propiciando condições de um acompanhamento mais próximo e de qualquer local do planeta. A facilidade em consultar esses catálogos com históricos de sismicidade ao redor do mundo me deu condições de elaborar a pesquisa confrontando os resultados atuais com o histórico, sendo os resultados muito positivos.

O que percebi, a partir das observações, é que não só as correlações faziam sentido, mas, também, elas se repetiam, sugerindo assim um ciclo. Neste sentido, confrontar os resultados e observar pesquisas, as quais convergiam com minhas ideias em tempo real, auxiliou nessa reafirmação.

O fenômeno das correlações, observado no decorrer da pesquisa, sugere uma análise minuciosa, já que fatores como o espaço-tempo entre os eventos sempre sugeriam uma variável de correlação. Padrões e similaridades surgiam a cada momento indicando que caminho tomar e quais fatores determinantes observar. 

Foram analisados os dados de 2004 e 2005 com a intenção de, apenas, iniciar a pesquisa, de modo que futuras publicações referentes às demais regiões ainda estão em produção. Outra forma coerente de percepção de padrões foi o tempo relacionado à profundidade e magnitude, suas variáveis são paralelas e lineares criando resultados consideráveis.

Atualmente conto com a ajuda da mesma equipe Quakeredalert e com apoio financeiro de um empresário de Cuiabá. Nossa meta não é somente provar a existência dessas correlações, mas não deixar o questionamento acabar.

Assinatura Coluna Aroldo

 

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