Agora é pra valer. Acabou o tempo da negociação, da tentativa de convencimento. Ontem, dia 05 de agosto, foi o prazo final para a realização das convenções partidárias, ou seja: quem beijou, beijou; quem não beijou, não beija mais.

Pela primeira vez, desde 1989, temos 13 candidatos ao Planalto. As negociações realizadas durante a semana que passou, entre elas a do “Centrão” jogando-se nos braços de Alckmin, dando vida a uma candidatura natimorta, e a insistência de Lula manter uma candidatura que, legalmente, não pode sobreviver, além da aposta de que Bolsonaro seria dizimado nas duas entrevistas – Roda Viva e GloboNews – mostraram que, por enquanto, nada mudou no tabuleiro político.

[featured_paragraph]Hoje, 06 de agosto, encerra-se o prazo para entregar à Justiça Eleitoral o resultado das convenções. Daqui até 15 de agosto, prazo final para registro das candidaturas e início da propaganda eleitoral, teremos um período onde apenas nas redes sociais os candidatos poderão falar ao eleitorado.[/featured_paragraph]

Aqui, na terra de Eurico Gaspar Dutra, primeiro mato-grossense (cuiabano), a ocupar a Presidência da República, em 1946, as coisas não foram diferentes. Cinco candidatos tiveram seus nomes homologados em convenção: Arthur Nogueira – Rede Sustentabilidade -; Mauro Mendes – DEM -, em uma coligação com MDB, PSD, PDT e outros partidos; Moisés Franz – PSOL -; Pedro Taques, PSDB e mais nove partidos e, finalmente, Wellington Fagundes – PR – que surpreendeu ao formar a maior aliança, com 10 partidos.

O que se imagina que ocorrerá nesse curtíssimo prazo de campanha – apenas 45 dias -, é um grande embate entre Taques x Mauro Mendes e Pivetta, seu candidato a vice. Será, pelo que se viu na pré-campanha, uma guerra sem quartel, cada um usando de todas as armas para destruição total do inimigo. Wellington, que tem na vaga de vice uma servidora pública de carreira, com grande trabalho prestado na Secretaria de Segurança do Estado, além de ser a única mulher a compor chapa para o governo, oferecida pelo PV (que já estava com Mauro) nos últimos instantes do tempo final, aguarda que os dois se destruam para ele correr por fora. Vai tentar manter-se longe da batalha, como se isso fosse possível. O que se tem, hoje, é a certeza de que a eleição vai para o segundo turno. Quem com quem é a dúvida que só será revelada em 7 de outubro.

Surpresa mesmo foi o anúncio da candidatura do Procurador Mauro, do PSOL, ao Senado da República. Candidato em todas as eleições, o Procurador Mauro chegou a liderar a eleição para prefeito de Cuiabá e, por pouco, não foi ele o adversário de Emanuel Pinheiro no segundo turno, quando fez quase 25% dos votos válidos – 71.336 votos – contra 28,40%  – 81.531 – de Wilson Santos. A verdade é que a entrada do Procurador no jogo eleitoral mexe com as candidaturas que tem sua base na baixada cuiabana, onde ele já provou ser bom de voto. A eleição para o Senado, com 11 pretendentes, sendo apenas 2 mulheres, vai, sim, ter uma expectativa especial na cabeça dos eleitores. Não dá, por enquanto, para fazer qualquer prognóstico.

A grande incógnita é qual será a soma de abstenção, brancos e nulos. Em 2016, com o eleitor já desiludido, chegou a 32,5%, um número considerável. Se formos avaliar pelo resultado da eleição extemporânea do Estado do Tocantins, realizada no mês de junho deste ano, a soma desses votos foi de 51,83%. Se chegar próximo disso, pode-se imaginar alguém com 20% das intenções de votos estar com um pé no segundo turno. Ou seja, se Bolsonaro não for abatido no programa eleitoral, como ocorreu com Marina Silva em 2014, quando PT e PSDB juntaram-se para destruí-la, estará possivelmente no segundo turno. E com igualdade de condições na divisão do tempo de TV. O que vai se descobrir, de verdade, na eleição, não serão os vitoriosos, mas sim quem é o eleitor que os escolherá. Desilusão não rima com abstenção e o resultado pode ser fatal.

Deixo pra registrar, por fim, a hipocrisia e o cinismo do DEM com relação à candidatura do Deputado Mauro Savi. Enquanto Lula, preso, condenado em segunda instância, luta para participar dos debates eleitorais, aqui, a prisão do deputado foi usada de pretexto para alijá-lo do processo, sem que seja ficha suja ou que tenha qualquer condenação. Seria, sim, uma decisão digna de nota se aqueles que decidem pelo partido não estivessem tão enlameados de suspeitas quanto o próprio Mauro Savi. Se suspeitas valessem para os Partidos retirarem candidaturas, pouquíssimos deputados poderiam ser candidatos nessas eleições. Isso não ficará de graça. É aguardar pra ver.

Ricarte de Freitas
Advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

 

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