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Com poema em forma de dança, Lucas Koester despede-se dos palcos

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Com poema em forma de dança, Lucas Koester despede-se dos palcos
Arte Gráfica: Nara Silva Lobo, sobre foto do Fred Gustavos

“É novo, mas é uma despedida”. O espetáculo Haikai é um desabafo, um fim de um bailarino. “Mas não da dança”. O artista Lucas Koester se inspirou pela métrica dos versos japoneses e no ritual de suicídio dos samurais para anunciar que vai deixar os palcos.

Ele fará duas apresentações neste fim de semana, no Cine Teatro Cuiabá, sempre às 21h. Na primeira delas, na sexta-feira (12), celebra seu aniversário de maneira emblemática. “São 30 anos, com uma espetáculo de 30 minutos, nos 300 anos da Capital”. Acionando a numerologia, o três representa a dualidade entre a vida e a morte. Simbólico não é mesmo?

A decisão de interromper a carreira, soa como um protesto silencioso.

“São tempos difíceis. Completar 30 anos em si já traz tantas reflexões sobre trajetos, sobre escolhas, sobre espaço conquistado e batalhas diárias… Completar 30 anos no Brasil atual enquanto artista, parece potencializar a sensação de impotência e imobilidade contra uma frente perversa que atua seus podres poderes contra o povo. Decidi passar meu aniversário em cena, dançando, embora pareça cada vez mais difícil seguir me movendo, me forçando a me mover, ser resistência, mas muitas vezes silenciar-se é também uma forma de resistência e respeito com a própria arte”, conceitua.

Em seu entendimento, matar o dançarino, metaforicamente, para ele é praticar uma outra maneira de pensar a dança. “Foi então que para a idealização deste happening, fui a fundo pesquisando sobre o ritual de suicídio dos samurais. Eles saem de cena, mas mantém a honra. E é assim que são realizados três movimentos que representam partes do ritual”, explica. 

Segundo Lucas, os samurais tomam um banho de purificação, goles de saquê, fazem uma refeição, um poema e por fim, é dado o golpe final. “E eles contam com a juda de outras pessoas, das testemunhas. É por isso que me refiro aos meus parceiros neste projeto, Einstein Hawking e Carolina Argenta, como minhas testemunhas neste processo”.

“Haikai é meu breve poema em forma de dança, meu corpo como espada desferindo pelo espaço devastado um golpe final”.

Ingressos à venda na bilheteria do Cine Teatro, R$ 10 meia, R$ 20 a inteira.

Foto de Andre M Medeiros

 

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