O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) decretou nessa sexta-feira (20), entre outras coisas, a paralisação de 100% da frota de ônibus de Cuiabá a partir da próxima segunda-feira (23), em razão da pandemia mundial de coronavírus.
O comércio também será obrigado a fechar e os servidores da prefeitura poderão trabalhar em casa. Os profissionais da saúde, no entanto, deverão continuar trabalhando, afinal, são essenciais no combate à doença.
Mas, sem ônibus, como os profissionais que dependem do transporte coletivo irão para seus postos de trabalho?
Questionada, a assessoria da Prefeitura de Cuiabá se restringiu a dizer que “a prefeitura vai estudar uma alternativa para os profissionais da saúde”.
O Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus irá se reunir na manhã deste sábado (21) e a previsão é que a alternativa para os profissionais da saúde seja decidida durante essa reunião.
Questionado, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde de Mato Grosso, Oscarlino Alves, afirmou que a atitude do prefeito foi impulsiva e irresponsável.
“A nossa posição enquanto sindicato é admitir que, se realmente a posição dele for a suspensão de 100% do coletivo, é uma decisão irresponsável, porque a gente entende que não existirá uma logística apropriada para o deslocamento desses profissionais, nem da iniciativa privada, nem do serviço público, já que a grande maioria dessas pessoas depende do transporte coletivo”, afirmou o sindicalista.
Oscarlino disse esperar que para tomar uma atitude como essa – de retirar 100% dos ônibus das ruas – o prefeito tenha feito um estudo antes, caso contrário, foi uma atitude impulsiva.
“Se for nesses termos de suspender 100% dos serviços, eu imagino que o prefeito deva ter uma logística para buscar funcionários públicos e funcionários da iniciativa privada, porque a grande maioria dos trabalhadores da saúde não tem veículo próprio. Se for dessa forma é uma atitude irresponsável e até criminosa, porque se torna um ato de improbidade fazer isso”.
O sindicalista afirmou entender que estamos vivendo um momento muito grave e sério, mas que as decisões precisam ser avaliadas com um comitê, para não correr o risco de interromper os serviços de saúde.
“Existem outras medidas de conter. Foram canceladas as carteiras de passe livre, que impossibilita idosos e alunos de utilizar o transporte coletivo. Existem regras para adentrar ambientes fechados, por exemplo, supermercados, contar quantas pessoas entram por vez. Dá para fazer isso no transporte coletivo e priorizar os trabalhadores da saúde”, afirmou.
“Que a logística seja estudada, priorizando o transporte dos trabalhadores da saúde pública e privada”, completou.