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Colonialismo climático

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Colonialismo climático
(Foto: Divulgação/Pixabay)

Em 2009, quando me preparava para participar pela primeira vez da Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP), na Dinamarca, fui atrás de um professor de inglês para me sentir mais à vontade com o vocabulário técnico da área.  Nessas surpresas que a vida traz, contratei Johnny Lee Cole Hall, um Engenheiro Florestal formado nos Estados Unidos. 

O professor, ao entender meu propósito, compartilhou comigo a sua visão de que não há relação entre emissão de gases de efeito estufa, o famoso CO2, com a temperatura do planeta. De maneira global, ele professa a ideia de que esta é regida por fatores cíclicos naturais, parecido com a ocorrência de tufões, ciclones e furacões. A ideia de que está em curso um aquecimento global ocasionado pelos homens, defende, envolveria grandes interesses camuflados. E ele não é o único a pensar assim. 

[featured_paragraph]Fui à convenção. Trata-se de um grande encontro que conta com pessoas do mundo todo, além de autoridades. No que tange a sua razão maior de existir – que é a redução da temperatura do planeta -, no entanto, a COP não emplacou. Sobretudo em função de os países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos, não aderirem às propostas estabelecidas.[/featured_paragraph]

A principal tentativa foi  o protocolo de Kyoto, de 1997, que visava reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. Segundo alegaram os norte-americanos à época, essa adesão impactaria o seu desenvolvimento econômico. Outros que aderiram continuam com grandes termoelétricas e usinas nucleares em atividade, além de indústrias poluentes a todo vapor. É aí que mora o truque: eles podem comprar o direito de poluir adquirindo créditos de carbono de países em desenvolvimento.

Visivelmente é uma forma daqueles que detêm o poder econômico continuar poluindo para se desenvolver. Enquanto aqueles que estão em crescimento, por outro lado, estão sujeitos a estancar suas atividades para subsidiar os grandes. 

Isso, numa análise global, manipula o pensamento coletivo, levando-nos a crer que devemos manter e criar mais reservas improdutivas no Brasil, que deixemos de explorar nossos potenciais naturais, deixando de crescer economicamente. Em última instância, isso culmina na manutenção de uma espécie de colonialismo que considerávamos abolido.

Vários cientistas, como Ricardo Augusto Felício, professor de climatologia da USP, entendem, assim como o professor Hall, que não temos a capacidade de alterar a temperatura do Planeta. Eles também concordam com a visão de que a temperatura global varia em função de eventos naturais e cíclicos. Outro exemplo de cientista com essa visão é Luiz Carlos Baldicero Molion, graduado em física pela USP, PHD em Metereologia pela University of Wisconsin, Madison, pós-doutorado em Hidrologia de Florestas em Wallingford, no Reino Unido.

É primordial que haja a preservação dos recursos naturais em qualquer local do planeta, mas para benefício da comunidade local e sua qualidade de vida, lançando mão de ações de fiscalização para proteção da fauna, flora, águas, solo, ar com a compatibilização da exploração econômica de todos esses recursos, o que não se pode permitir é a ingerência de países de primeiro mundo nesta seara, sob a justificativa de aumento da temperatura global, nos engessando no crescimento econômico.

Sou contra a preservação por imposição de países desenvolvidos, que nos mantém economicamente estagnados, mas o cuidado com a natureza deve existir por questões locais e em respeito às legislações locais. E ela caminha junto com a exploração.  É o meio ambiente local quem nos dá qualidade de vida e prosperidade. Ao não fazê-lo, deixamos áreas intocadas por uma crença que isso teria impacto na temperatura do planeta. Ao que me parece, puro malabarismo de países mais desenvolvidos. 

[featured_paragraph]O Brasil detém e pode constituir novas legislações que permitam a exploração sustentável de recursos naturais em áreas visadas mundialmente, coibindo a exploração ilegal, e tornando essas regiões auto sustentáveis. Com isso, o país se recoloca no controle para gerir de forma racional e organizada as suas riquezas, investindo em pesquisas e exploração com alta tecnologia. Deixar áreas remotas intocadas por questões que se baseiam antes em ideologia que em ciência não gera riquezas para o país.[/featured_paragraph]

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de 2017 mostram que a vegetação nativa preservada ocupa 61% de todo território brasileiro. Outros dados, esses do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), mostram que o agronegócio contribuiu com um superávit de US$ 1,064 trilhão para a balança comercial brasileira nos últimos 25 anos. No período, entre 1993 e 2017, o saldo total da balança brasileira foi de US$ 457 bilhões. Os produtos de outros setores, portanto, registraram um déficit de US$ 607 bilhões no período. Mais um trunfo favorável à geração de riquezas a partir do uso consciente do meio ambiente. 

Em resumo, mesmo preservando mais da metade das áreas produtivas no país, expressões como “o agronegócio carrega o Brasil nas costas” e “somos o celeiro do mundo” se mostram verdadeiras e parte do caminho para o desenvolvimento do Brasil.  Ainda assim, vamos aceitar essas ideias e continuar colônia de países desenvolvidos?

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