A coleta de água de um bebedouro contaminado no Restaurante Universitário, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi feita com quase um dia de atraso. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) só foi até o local colher as amostras por volta das 13 horas dessa quinta-feira (14), 20 horas depois que a contaminação foi detectada, às 18 horas da última quarta-feira (13).

O atraso ocorreu, segundo a assessoria da Politec, porque havia um impasse sobre quem deveria ser o responsável pela investigação, uma vez que a UFMT é um órgão federal. Por fim, a Polícia Judiciária Civil (PJC) abriu inquérito e encaminhou o pedido de perícia à Politec no início da tarde.

O restaurante já havia sido interditado cerca de uma hora depois que o estudante intercambista colombiano Oscar Hoyos reclamou de fortes dores no estômago e foi atendido pelo Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU).

A interdição foi feita pela própria empresa responsável pelo restaurante, a Novo Sabor Refeições Coletivas Ltda, a pedido de policiais militares da base comunitária do bairro Boa Esperança, que foram atender a ocorrência.

Desta forma, o bebedouro contaminado teria “pernoitado” no local. No entanto, estudantes também apresentam a versão de que este teria sido retirado na mesma noite.

“Antes do ocorrido, eu cheguei a beber a água do RU e vários outros estudantes também. Depois que aconteceu, o bebedouro realmente foi tirado e estudantes que estavam lá recolheram amostras”, afirmou um representante do Diretório Central dos Estudantes, que acompanhou o caso no local. Segundo ele, um boletim interno teria sido aberto pela segurança da universidade e as amostras encaminhadas para a Politec.

Em nota enviada na manhã desta quinta-feira (14), a Novo Sabor afirmou que “por sorte [o líquido estranho] foi imediatamente detectado pela empresa, tendo sido tomadas todas as providências para evitar o consumo da água”. A reportagem não conseguiu contato com a Coordenação de Segurança do Campus para confirmar as informações, até o fechamento desta matéria.

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Boletim de ocorrência

Os policiais que atenderam a ocorrência também contaram ao LIVRE que nenhum boletim de ocorrência foi registrado no momento do ocorrido. Um documento foi feito três horas depois do caso, por volta das 21h50, quando uma funcionária da Novo Sabor denunciou o caso como sendo uma “sabotagem” dos estudantes grevistas, que protestam contra o aumento do valor da refeição no campus.

A funcionária  contou aos policiais da Central de Flagrantes que havia um cadeado a mais na porta do restaurante quando suas colegas foram abrir o local pela manhã, na última quarta-feira (13). Um dos seguranças ajudou a arrombar o cadeado para que elas pudessem entrar.

Outro indício de sabotagem, segundo ela, seria uma denúncia feita por uma estudante, que reclamou de um plástico-filme encontrado no prato durante o almoço, por volta das 13 horas. O plástico, conforme ela, foi tirado pela estudante de um dispenser de suco que estava em desuso.

O Comando de Greve Estudantil da UFMT alega que o argumento utilizado pela empresa busca um pretexto para criminalizar o movimento estudantil, que também ocupa bloco administrativo “Casarão” contra o aumento da refeição. “Durante toda a mobilização denunciamos o superfaturamento da empresa Novo Sabor e questionamos a ligação da UFMT com o grupo Leila Malouf”, afirmou em nota.

A pedido da reitoria da UFMT, a Justiça Estadual já determinou que os estudantes desocupem todas as dependências da universidade.

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