O comportamento ético é essencial não só para viver em sociedade como para o sucesso das organizações. Consequentemente, o código de ética é uma das principais ferramentas para instituir e propagar a filosofia de uma instituição, além de balizar regras de conduta.
O documento é um dos pilares do programa de compliance de qualquer empresa. Originado do inglês “to comply”, o termo refere-se a “agir conforme uma regra”. O objetivo da prática é minimizar os riscos empresariais e servir como uma guia mestra em direção à conformidade total às leis e normas éticas, tanto pela companhia quanto pelos funcionários.
A elaboração já é uma etapa desafiadora, porém, em seguida, muitas corporações enfrentam aquele que pode ser o maior desafio quando se fala em código de ética: gerir e garantir adesão ao documento.
Vale lembrar que tanto o comportamento humano quanto os requisitos legais estão sujeitos a mudanças. Além disso, há uma série de barreiras presentes no cotidiano das empresas que dificultam essa missão. Superá-las, porém, é essencial para não ficar suscetível a impactos jurídicos, financeiros e em sua reputação.
A importância do código de ética
O código deve ser elaborado por um comitê formado para este fim, com a participação do RH e departamento jurídico. É essencial que membros da alta direção estejam presentes para validá-lo, uma vez que o documento deve conter valores que garantam a integridade e respeito às leis no relacionamento com todos os stakeholders da empresa.
Empresas lidam com clientes para oferecer serviços ou produtos. Por esse motivo, a relação dos colaboradores com eles deve seguir padrões preestabelecidos.
Muitas mantém também relacionamento com órgãos governamentais. Por isso é essencial incluir normas específicas para nortear essa interação no código de ética e conduta.
Hoje em dia, as companhias podem ser responsabilizadas pelas atitudes de quaisquer pessoas relacionadas a elas, incluindo terceiros.
Outro setor que impreterivelmente deve ser contemplado pelo código é a comunidade. Empresas devem contar com políticas e normas que garantam responsabilidade no relacionamento com comunidades de entorno e as pessoas em geral.
Em especial, em caso de um acontecimento extremo, como os casos em andamento em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. Pessoas morreram. Alguns corpos não foram resgatados. Há mais de um ano, equipes de Bombeiros se revezam nos trabalhos em Brumadinho. Outros moradores – direta ou indiretamente – perderam referências de suas vidas, sejam familiares, materiais e afetivas. Providenciar abrigo para os desabrigados, reconstruir as localidades em outros terrenos, pagamento das indenizações pertinentes, recuperar a sensação de segurança nas comunidades, amenizar o impacto ambiental são responsabilidades da Vale e da Samarco, donas das barragens que romperam nas duas cidades.
Como contempla diferentes públicos, para ser eficaz, o documento deve ser de fácil compreensão por todas as partes, evitando, por exemplo, linguajar jurídico ou complexo. O conteúdo deve ser objetivo e direto para evitar interpretações equivocadas.
Desafios na gestão
A gestão do código de ética é uma tarefa desafiadora por esbarrar em uma série de entraves.
Desde os geográficos, no caso das empresas que têm filiais em diferentes localidades; operacionais, em caso de alto número de colaboradores – o que gera um grande volume de dados para compilar-, e os tecnológicos, quando há falta de recursos para desempenhar a tarefa com eficiência.
Comunicar as políticas empresariais manualmente, além de demandar mais tempo e recursos humanos, diminui a produtividade. Nesse cenário, a automação emerge como um recurso útil não só para otimizar a gestão e compartilhamento de dados, mas para poupar tempo e recursos financeiros.
O software de compliance, por exemplo, permite mapear, de forma prática, os colaboradores por área, compartilhando ações, treinamentos e políticas da empresa.
A compilação de atas, aceites e evidências também é facilitada. Por meio da ferramenta, como o clickCompliance, é possível emitir relatórios e analisar métricas em um dashboard. Assim, elimina a necessidade de trabalhar com planilhas, que, a depender do volume de dados, podem ficar muito extensas e desorganizadas.
No entanto, para garantir que a incorporação da tecnologia seja satisfatória, as empresas devem se atentar à escolha das ferramentas. Além de analisar valores, é recomendável verificar a fundo as funcionalidades, políticas de suporte, além de garantir que o sistema é de fato compatível com as necessidades da empresa.