5 perguntas para

Cinco perguntas para um espírita sobre a “data limite”

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Cinco perguntas para um espírita sobre a “data limite”

Os anos de 1990, 2000, 2012 e 2019 não são anos quaisquer. Todos eles foram apontados como a data do fim do mundo, segundo alguma teoria. Neste ano, a “data limite” seria 20 de julho. Mas, afinal, o que ela significa e quem a estipulou? O assunto é tema do “Cinco Perguntas Para” desta semana e quem explica é o Nestor Fernandes Fidelis.

Além de ter sido secretário-adjunto de Justiça e Segurança Pública de Silval Barbosa, entre 2013 e 2014, Fidelis foi procurador-geral de Cuiabá na gestão de Emanuel Pinheiro (MDB), entre 2016 e 2017. Advogado há 20 anos, também já assessorou muitos municípios, incluindo a própria Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

Apesar da ficha profissional, o advogado recebeu o LIVRE em seu escritório para tratar de outro assunto, também presente em sua vida há 26 anos: o espiritismo.

Coordenador na Federação Espírita do Estado de Mato Grosso, Fidelis comentou sobre a evolução da terra, segundo a visão espírita, e falou até mesmo sobre seres extraterrestres (ETs). Afinal, se somos todos espíritos reencarnados, haveria a chance de termos sido (ETs) em outras vidas?

Falamos ainda sobre a data limite, que, para Fidelis, teve uma interpretação equivocada de uma fala do médium Chico Xavier.

“Infelizmente temos visto certas informações ou interpretações sendo apresentadas para a sociedade em forma de sensacionalismo ou terrorismo literário”, comentou.

Confira a entrevista abaixo:

Médium Chico Xavier (Fonte: Instituto Chico Xavier/Divulgação)

1- O que é a data limite e o que ela significa?

Nestor Fidelis: Data limite é o nome de um documentário que interpreta uma fala de Chico Xavier, em 1971, durante entrevista ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi. Mas, como afirmamos, trata-se de uma interpretação da qual discordamos, pois em momento algum Chico Xavier faz menção a isso, a uma data limite para que a sociedade melhore moralmente.

O que ele diz [no programa] é que, se a Terra não se extinguir nos próximos 50 anos, por conta das armas de destruição em massa, armas nucleares, o planeta avançaria para uma fase muito mais próspera e pacífica, com significativos feitos científicos que possibilitariam, inclusive, contato com seres de outros mundos, utilizando-se a Lua, no futuro, como base de estudos, como fonte de recursos naturais e como estação entre as viagens pelo espaço.

Uma pessoa próxima ao Chico disse que ele falou para ela (e somente para ela) que haveria uma data limite para a Terra evoluir, sob pena de caminhar para a extinção. Respeitamos, mas, como espíritas, nos parece estranho tudo isso. A revelação espírita, desde o seu princípio, não se deu por meio de uma única pessoa, tampouco através de um só médium, como podemos ver na biografia de Allan Kardec.

Além disso, Chico Xavier sempre foi muito criterioso com relação a toda a sua produção e em cada um dos diálogos que mantinha com cada ser que lhe procurava, mesmo os mais próximos.

2 – O mundo vai mesmo acabar um dia? E se acabar, o que acontece com nosso espírito?

NF: Pra Deus tudo é possível, mas não faz muito sentido Deus acabar com o mundo, que está avançando. Imagine o empenho de Deus para manter o Universo. Se analisarmos tudo aquilo que a gente estuda, e o espiritismo é uma ciência de estudo, não faz sentido.

Por mais que a Terra esteja passando por mudanças, e a mensagem de Chico Xavier seja de alertas, para que estejamos agindo de acordo com a consciência e seguindo a lei de Deus, não consigo ver como lógico, dentro de uma lógica espírita, uma data estabelecida. Senão a gente não teria porquê crescer, já está tudo escrito. Deus não estaria brincando com a gente de marionetes. “Você vai morrer”. “O mundo vai acabar”.

A gente respeita quem pensa que o mundo vai acabar, ainda bem que não acabou. O que nós não acreditamos é que haja uma data limite, que chegue nela e tudo acabe. Deus não é um ser que nós criamos para governar a Terra.

Nós já avançamos muito, mas se o mundo acabasse, “e agora?” Se nós somos materialistas, é o caos total. “Acabou o mundo”. Se acreditarmos que só tem vida na terra, é aí que acabou tudo mesmo. Mas dentro de uma visão espírita, se o mundo acabasse – o que nós não acreditamos que vai acontecer -, vamos nos tornarmos todos espíritos fora do corpo, vamos viver em outro planeta.

Nós, espíritas, sabemos que, quando acaba o corpo, continuamos vivendo. Se acabar o mundo, vamos pedir para Deus levar a gente para outra casa, que, certamente, ele já vai fazer sem termos que pedir.

Então não tem porquê ter esse medo de fim do mundo. O cuidado que nós temos que ter é com o que estamos fazendo das nossas vidas. Estamos desenvolvendo valores éticos e morais? Criando e exercitando virtudes? Essa que é a grande questão.

3 – Na visão do espiritismo, quem são os seres extraterrestres (ETs)?

NF: Nós somos “tês”, terráqueos (risos). Se todos somos filhos de Deus e os ETs são extraterrestres, e nós somos espíritos, é natural que quando nós estivermos em outros planetas, outros mundos mais evoluídos, nós mesmos seremos, na Terra, considerados ETs.

Então, quem são os ETs? São os espíritos imortais que habitam outros planetas. Nós somos, no corpo ou fora do corpo, espíritos.

4 – Qual é a crença da doutrina espírita quanto ao futuro da Terra?

NF: É uma pergunta muito boa. A doutrina espírita e seus estudos entendem que nós estamos em constante evolução, tanto as pessoas quanto as cidades e os planetas. Como a Terra passou pela era do gelo, do dinossauro, etc, sabe? Podemos separar, didaticamente, assim.

Então a Terra, para nós, é um mundo intermediário, intermediário para baixo. Não é um mundo evoluído, em comparação a outros mundos que já têm no estudo espírita. Então a Terra, para nós, é considerado um mundo de “provas e expiações”, onde o mal ainda prevalece sobre o bem. Ele ainda está a engatinhar.

Nós acreditamos que a próxima etapa que a Terra vai poder alcançar é a fase de regeneração. Lá, certas dores que temos hoje não vão existir mais. Certas tragédias não são mais necessárias para que possamos evoluir. Nós vamos agir de forma mais espontânea.

No mundo de regeneração, espontaneamente, cada pessoa vai fazer sua parte, e conforme sua consciência. Possivelmente, minha profissão vai ser extinta, vou querer ser jornalista (risos), não vai ter mais advogado, porque as pessoas vão fazer o bem pelo bem. Claro que não vão ser seres perfeitos. Vão continuar errando, aprendendo com o erro. É aquilo que Chico Xavier disse na entrevista: se a humanidade não se destruir, se se esforçar para manter a paz, vai conseguir fazer grandes prodígios. E está acontecendo.

5 – O que você diria para uma pessoa que não acredita em nada disso?

NF: Seja Feliz. Não precisa acreditar, não. Quem não acredita, tem todo o direito. E muita gente não acredita. Mas se quiser conhecer, nós temos ótimos centros, com grupos de estudo, com gente que vai acolher muito bem, com fraternidade. A fé que a doutrina espírita orienta não é a fé cega.

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