5 perguntas para

Cinco perguntas para um atendente de telemarketing

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Cinco perguntas para um atendente de telemarketing

Há cerca de duas semanas, consumidores que não querem receber ligações com ofertas de oito empresas que prestam serviço de telefonia móvel e fixa, internet e TV a cabo não precisam mais passar raiva.

O cadastro no site Não Me Perturbe – criado por determinação da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) – garante o fim das ligações de telemarketing indesejadas.

Sossego para o cliente e, quem sabe, uma vida mais tranquila para quem trabalha do outro lado da linha.

Os xingamentos só não devem acabar na rotina de Wallison Lucas de Castro Gusmão, um cuiabano de 24 anos que trabalha como operador de telemarketing em São Paulo. É que ele atua no setor de cobrança.

A empresa, que também é cuiabana, expandiu recentemente o serviço para a Capital paulista e foi o salva vidas de Wallison, quando ele se viu desempregado.

Ao LIVRE, Wallison disse que os call centers, de fato, são vistos como “empregos emergenciais” por muitas pessoas. É fácil de entrar e quase sempre não faltam vagas.

Ele mesmo já havia trabalhado, por um ano e meio, em outra empresa do ramo. Nesta edição do Cinco Perguntas Para, ele “desmistifica” o setor e responde com bom humor alguns dos questionamentos que muitas pessoas gostariam de fazer.

1 – Você já recebeu uma ligação de telemarketing? Qual sua reação?

Esses dias, por volta das 9h30, recebi uma ligação. Eu estava aguardando uma resposta de uma entrevista de emprego, então, pensei que era isso. Atendi e era um call center fazendo uma pesquisa. E o cara ainda falou meu nome errado. Me chamou de Wilson. Aí eu desliguei [risos].

Sou operador, entendo como é isso, mas eu estava dormindo. Desliguei na cara mesmo. E não satisfeito, ele ainda tentou outras duas vezes [mais risos].

2 – Quantas vezes vocês ligam para a mesma pessoa no mesmo dia? Tem um limite?

Não é a gente que disca. As ligações caem automaticamente.

Eu sempre encontro um cliente que me fala: “poxa, mas já me ligaram hoje!”. A gente é bastante xingado.

Comigo já aconteceu de cair a mesma pessoa no mesmo dia e, também, de clientes que outros operadores já atenderam, caírem para mim de novo.

3 – Quando a pessoa fala que já pagou ou que não é quem você está procurando, dá para tirar o nome dela do cadastro?

Não. Não está no nosso poder e a gente é muito xingado por isso. É uma responsabilidade do pessoal que trabalha na parte do mailing, mas eles, de fato, não resolvem. O máximo que a gente pode fazer é pedir desculpa pelo incômodo.

4 – Vocês fazem curso para aprender a “estar falando assim”, no gerúndio?

[Risos] Do meu lado tem uma colega de trabalho que ela usa muito disso. Eu sempre dou um toque, mas acho que ela não gosta muito. Deve achar que é implicância.

Eu falo sempre que não precisa dizer “vou estar enviando”, dá para dizer “vou enviar”. Inclusive, você até economiza palavras. Mas é um vício mesmo.

Eu, particularmente, aprendi a me policiar e corrigir. Mas eu percebo que acontece mais com as pessoas que estão começando a trabalhar agora.

5 – Você já passou por uma situação inusitada ou constrangedora?

São poucas as situações fora do comum. Mas um colega do meu lado me contou que entrou em contato perguntando de uma cliente e a pessoa respondeu: “ela se suicidou ontem”.

Ele ficou sem reação. Só conseguiu dizer “meus sentimentos” e desligou. Como que você vai cobrar a família né?!

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