Autointitulado “nerd”, com um humor um tanto excêntrico e um visível desconforto em lidar diretamente com pessoas, o empresário Christian Barbosa é referência em gerenciamento e produtividade do tempo. Com seis livros que são bibliografias obrigatórias no assunto, ele fez fortuna com o tema, mas admite que a sua paixão é mesmo computadores. O primeiro empreendimento do garoto prodígio começou oficialmente aos 15 anos. Já em posse de um CNPJ devidamente inscrito, ele iniciou uma carreira estratosférica e internacional.
No seu currículo estão consultorias e desenvolvimento de produtos para grandes marcas como: Bradesco, Coca-Cola, L’Oréal, Toyota, Rede Globo, Nestlé, Santander, Petrobrás, Sebrae, Sony, Nivea, Merck, Takeda, Gafisa, Exxon, Atlas Schindler, Boticário, Comgás, Delloite, Dupont, entre outras.
Além disso, Barbosa é o fundador do Neotriad, primeiro software focado em produtividade baseado em estatísticas comportamentais, e do Goboxi, software de inteligência artificial para gestão de e-mails. Christian, também é empresário, investidor “anjo” (presente apenas financeiramente) no segmento de tecnologia e palestrante.
Em sua visita à cidade de Sinop (500 Km de Cuiabá) para uma palestra que contou, acima de tudo, com o bom humor e uma ampla apresentação de ferramentas tecnológicas, ele destacou, em entrevista ao LIVRE, algumas curiosidades do mundo empresarial/nerd.
1- Como é ser apaixonado por tecnologia, entusiasta do assunto, e ter que lidar com pessoas, já que optou por ser palestrante?
Christian Barbosa – Confesso que para mim há uma certa dificuldade. Meus amigos e pessoas que trabalham comigo me lembram o tempo todo de que tenho que cumprimentar as pessoas, falar com elas. Se pudesse inventar uma coisa agora seria um método de me materializar na minha sala e da mesma forma sair dela sem ter que passar dando “oi” para todos. Longe de mim ser interpretado como arrogante ou mal-educado, é que na verdade sou nerd e, consequentemente, tímido. Tenho certeza de que lido muito melhor com números e computadores. Tenho trabalhado muito nesta relação interpessoal, mas confesso que tenho um longo caminho a lidar.
2 – Você está prestes a lançar uma ferramenta que atualiza automaticamente redes sociais com imagens e textos sem o auxílio de um ser humano. Em tempos de fakenews, interferência de robôs em processos eleitorais, como essa ferramenta tem sido recebida?
Acredito que essa é uma ótima oportunidade para esclarecermos esse ponto. Em primeiro lugar, a nossa ferramenta não vai lidar essencialmente com temas de influência digital. Basicamente, o que o nosso algoritmo faz é gerar conteúdos relacionados às marcas que adquirirem a ferramenta, mas sem falar de pessoas. De certa forma, ficamos blindados. Temos uma responsabilidade muito grande com nossos produtos e a garantia da legalidade do que proporcionamos. Outro ponto bastante importante é que hoje em dia as empresas de redes sociais têm investido muito no combate desse tipo de conteúdo, então podemos colaborar nesse processo e não criar novos problemas.
3 – Falando em tecnologia, qual é a sua relação com ela e desde quando você entendeu que queria fazer parte disso?
Na minha infância, eu era programador e meu “tesão” era fazer um programa onde o computador respondesse para mim. Hoje isso existe e é fantástico. Quando eu chego em casa, nos estados Unidos, a primeira coisa que eu faço é falar “Hi, Alexa” (dispositivo de inteligência artificial que gerencia os produtos de tecnologia do ambiente), e ela me responde, me pergunta sobre o que eu quero falar, o que eu quero saber, e batemos um papo super produtivo. Isso é incrível. É preciso também muita atenção, porque a tecnologia hoje pode ser sua grande aliada e sua morte, também, porque ela vai ajudar você, mas pode tomar muito do seu tempo também.
4- Você foi para os EUA para avançar em seus empreendimentos tecnológicos. Isso não foi possível no Brasil?
O Brasil não é um país favorável a empreendedores. Na verdade, é totalmente desfavorável, com impostos arcaicos, modelos de gestão de governo complicados. Se o Brasil quiser crescer, tem que investir em pequenas empresas, em pessoas que têm grandes ideias, que fazem a economia girar. Tem que parar de beneficiar grandes empresas, de fazer coisas por outros países.
5 – Apesar de apaixonado por tecnologia e tendências, você fez críticas duríssimas à Apple e é um apaixonado pela Microsoft. Por que?
Primeiro que é mais uma brincadeira mesmo, dizendo que o Iphone é do “capeta”. Apesar de ter uma corrente que diz que o primeiro produto foi vendido por R$ 666,66, é claro que não passa de brincadeiras mesmo. Mas sou, sim, apaixonado pelo Windows. Inclusive, se um dia fosse fazer uma tatuagem, seria com este símbolo. Uma história engraçada que essas afirmações me renderam foi uma vez que a Hope (marca de moda íntima) ouviu que eu era louco pelo Windows e fez para mim uma cueca com o símbolo. Foi realmente demais, fiquei enlouquecido.
Para terminar – O que você acha que a tecnologia pode trazer de mais louco para a vida do ser humano?
Tem uma série na Netflix chamada Altered Carbon, (na trama) pegam sua memória, suas ideias, pensamentos, crenças, tudo que você conhece, colocam em um pendrive e “espetam” em outro corpo, ou seja, você nunca mais vai morrer, a sua cabeça e seus pensamentos vão estar vivendo de corpos em corpos. E tem startups fazendo isso. Tem gente fazendo com rato e já teve um caso em que o rato reconheceu em um outro corpo a mãe dele. Então, eu acredito que, para isso chegar ao ser humano, é mais uns 10 ou 15 anos, então isso é louco mesmo.
Saideira – Você acha que os nerds vão salvar o mundo?
Eu tenho certeza de que vão salvar ou destruir; mas, enquanto não temos tanta certeza de como tudo isso vai acabar, namore com um nerd, porque você vai ser muito feliz.
