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Chance de motorista ser parado em blitz é de uma a cada 254 carros em Cuiabá

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Chance de motorista ser parado em blitz é de uma a cada 254 carros em Cuiabá

Ednilson Aguiar/O Livre

Polícia Rodoviária Federal

Operações de Lei Seca realizadas neste ano na Grande Cuiabá resultaram na prisão em flagrante de 85 pessoas por embriaguez ao volante 

Em Várzea Grande, na madrugada do dia 3 de julho, o vereador Carlino de Campos Neto (PV) foi encaminhado para a Central de Flagrantes depois de bater o carro em outro veículo e ser flagrado dormindo ao volante. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, porém, com sinais de embriaguez, teve a carteira de habilitação apreendida e pagou fiança para ser liberado.

Na capital, na madrugada da última segunda-feira (7), o manobrista José Antônio da Silva Alves, de 23 anos, morreu após ser atropelado por um Honda Civic dirigido pelo estudante de arquitetura Juliano da Costa Marques Santos, 22 anos, que fugiu sem prestar socorro.

Interceptado por policiais já longe do local do acidente, Juliano foi flagrado alcoolizado pelo etilômetro, que acusou 0,7 mg/L – índice considerado elevado.

Brechas

Dados do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) estadual, órgão responsável por articular a realização de fiscalizações de trânsito, e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) indicam que as ações capazes de inibir situações do tipo ainda deixam brechas consideráveis.

A região metropolitana de Cuiabá que, além da capital, engloba os municípios de Várzea Grande, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora do Livramento, registra uma frota de aproximadamente 574 mil veículos, contabilizada até julho deste ano, conforme o Detran.

Nesses primeiros sete meses, as 21 operações de Lei Seca realizadas resultaram na abordagem de 2.257 veículos, ou seja, a probabilidade de um motorista ser parado por uma blitz é de uma a cada 254 carros.

Na maior capital do país, São Paulo, que possui uma frota de aproximadamente 8,5 milhões de veículos, em 2016 foram realizadas 146 mil abordagens, o que significa que, a cada 58 veículos, um é abordado em blitz. Os números são da Polícia Militar e Detran.

Doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luiz Miguel Miranda, avalia que as operações de Lei Seca na Grande Cuiabá poderiam ser mais rigorosas com a adoção de estratégias de comunicação.

“As fiscalizações da Lei Seca deveriam se valer da mesma estratégia dos motoristas que usam aplicativos para avisar na rede sobre a localização das barreiras. Poderia-se fazer cenários de pequenas barreiras fixas e outras móveis”, afirmou.

O monitoramento eletrônico, segundo ele, também incentiva os motoristas a ter uma postura mais responsável no trânsito.

“Enquanto a prefeitura de Cuiabá continuar postergando o funcionamento efetivo dos radares os usuários não estarão muito preocupados com os flagrantes das blitze”, observou.

Para o major da Polícia Militar e coordenador do GGI em Mato Grosso, Rafael Dias Guimarães, o índice de abordagens neste ano, que equivale quase à totalidade do registrado em 2016 – fechado com 25 operações do tipo –, é considerado satisfatório

“Cada operação dura em média três horas, com 1,5h de abordagens. Assim, obtemos um total de 28,5 horas de operação, 1.710 minutos para abordagem de 2.257 carros, o que dá uma abordagem a cada 45 segundos. Acredito não ser um número ruim, devido a todo procedimento pelo qual o condutor tem que seguir”, ressaltou.

Segundo ele, pela equipe que tem trabalhado atualmente seria possível realizar três blitze simultaneamente.

“O trabalho administrativo depois da fiscalização é muito grande também. Há os encaminhamentos dos autos de prisão em flagrante, das cnhs, o término das notificações. Esse trâmite burocrático não permite uma mobilidade para a abordagem ficar cinco a seis horas no mesmo local”, argumentou o major.

As operações de Lei Seca neste ano resultaram na prisão em flagrante de 85 pessoas até o momento. Em 2016, somente na capital, foram 116 prisões em flgrante.

Os casos correspondem aos motoristas que foram pegos no etilômetro ou àqueles que se recusaram a fazer o teste, mas apresentavam ao menos dois sinais de estado de embriaguez perceptível – como fala alterada, odor alcoólico, olhos vermelhos e andar trôpego, de acordo com o artigo 165 do Código de Trânsito. As ações terminaram na notificação de 388 pessoas por embriaguez ao volante.

“Para a realização das fiscalizações priorizamos quando há a ocorrência de eventos, mas também as fazemos em dias normais, em pontos estratégicos da cidade. A intenção não é de arrecadar ou punir, mas sim reduzir os acidentes”, informou Guimarães.

Mortes no trânsito

Informações de Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) demonstram que, neste ano, 87 casos de mortes no trânsito foram registrados em Cuiabá e Várzea Grande. Em 2016, nesse mesmo período, foram 72 casos.

Levantamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá (Semob), aponta a imprudência dos motoristas como principal causa das mortes no trânsito, seguida pela ingestão de bebida alcoólica.

No primeiro semestre deste ano, as operações de Lei Seca, que utilizam em média quatro etilômetros por blitz, culminaram no recolhimento de 323 carteiras de habilitação, na remoção de 316 veículos e em mais de dois mil testes de alcoolemia realizados.

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