Cuiabá

Casos de assédio são denunciados por universitárias e UFMT orienta a buscar seguranças

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Casos de assédio são denunciados por universitárias e UFMT orienta a buscar seguranças
Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

No início desta semana, uma aluna de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) relatou ter sofrido assédio sexual dentro das dependências da instituição. Depois que expôs o caso, diversos relatos passaram a surgir. Preocupadas com a situação, diversas alunas buscaram auxílio com as coordenações de curso. Nesta quinta-feira(13), a instituição lançou uma nota à comunidade acadêmica alertando e orientando para questões de risco.

Era por volta das 20h quando Júlia* estava deitada no Centro Acadêmico de Psicologia, localizado no Instituto de Educação (IE), esperando pela carona do pai, quando um homem alto e negro apareceu na porta minutos depois que sua companhia deixou o local. “Ele estava com roupas sujas e perguntou se podia beber o refrigerante que estava ali sobrando em uma garrafa”, contou a aluna, ao LIVRE.

[featured_paragraph]“Eu disse que sim, imaginando que ele estaria passando necessidade. Continuei deitada usando meu celular tranquilamente, pensando que não aconteceria nada, até que ele se deitou ao meu lado”, completou. De acordo com a estudante, o homem perguntou se ela sabia fazer sexo oral, insinuando que fizesse nele. Assustada e indignada, a jovem deixou o local.[/featured_paragraph]

Conforme Patrícia*, que estuda Radialismo na Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), em um bloco ao lado do IE, não é incomum ouvir pelo corredor sobre casos de assédio dentro da UFMT. No entanto, a situação ganhou luz porque uma série de estudantes passou a denunciar juntas.

“Sempre a gente ouvia sobre uma ou outra colega de curso, ou de outros blocos, que tinha casos assim. Às vezes os assédios eram até por parte de professores. Só que recentemente passou a ter pessoas de fora da universidade entrando nas salas, nos banheiros, assediando as meninas”, contou ao LIVRE.

[featured_paragraph]Segundo a estudante, as colegas ficam com medo, porque, ainda que estudem pela manhã, permanecem no bloco até o período noturno. “A gente fica lá [no Centro Acadêmico] jogada, conversando, no sofá. Às vezes a gente fica sozinha até. Se a pessoa chega, e está até bem vestida, não temos nem como saber se é aluno do nosso curso ou não. Já teve diversas situações chatas que passamos dentro do nosso próprio espaço”, completou.[/featured_paragraph]

Patrícia revelou que já precisou chamar a equipe de segurança do bloco para “retirar” pessoas de dentro do Centro Acadêmico. “Uma vez chegou um grupo de moleques lá, eram menores de idade, mas chegaram gritando. Antes até tinham tentado entrar no CA do outro curso. Era visível que não estudavam aqui. O guarda foi e pediu para eles saírem. Acompanhou eles para fora da UF”.

Denunciando o assédio

De acordo com Júlia, ela não registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. Ela contou que não teve coragem de avisar os pais sobre o acontecido. No entanto, procurou a coordenação do curso para denunciar. O caso, segundo a estudante, foi discutido com a diretora do bloco, que disse que tomaria as medidas necessárias.

Patrícia também contou que o diretor do bloco onde estuda também está ciente dos recentes acontecimentos. Disse ainda que uma reunião entre a coordenação de segurança, estudantes e diretoria do bloco foi marcada para esta quinta-feira. Eles deverão discutir o assunto para cobrar medidas da universidade, uma vez que os dois institutos se localizam na entrada da Universidade, sendo utilizados como passagem para os demais estudantes e sociedade que utiliza a instituição.

Orientação da UFMT

Nesta quinta-feira, também, a UFMT lançou uma nota com orientações à comunidade acadêmica. Disse para quem se sentir “vulnerável frente a alguma situação de risco” entrar em contato com a Coordenação de Segurança ou servidores da área. Ainda informou que a base de segurança da UFMT funciona 24 h.

Ainda segundo a UFMT, a instituição possui parceria com as Polícias Militar, Civil e Federal, visando “a resolução de incidentes, bem como assegurar a integridade das pessoas e do patrimônio institucional”.

Confira a nota na íntegra:

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) orienta a comunidade acadêmica e a sociedade em geral para que nos casos em que se sentirem vulneráveis frente a alguma situação de risco entre em contato imediato com a Coordenação de Segurança ou servidores da área. A base da Coordenação de Segurança do Campus de Cuiabá funciona 24 horas por dia, localizada próxima à Guarita I, e os servidores que atuam nessa área estão presentes nos blocos do Campus.

Caso alguma pessoa se sentir ameaçada, ela pode acionar a Segurança da UFMT nos seguintes números: (65) 3615-8065 ou 3615-8063 (Coordenação de Segurança), (65) 3615 8070 (Guarita I). Ao verificar a situação, a equipe de segurança da Universidade aciona imediatamente a Base Comunitária da Polícia Militar do bairro Boa Esperança quando identifica a necessidade de um atendimento especializado.

Se por alguma eventualidade a pessoa não estiver com telefone ou, ainda, que o mesmo esteja fora de operação, a orientação da Coordenação de Segurança é para que a pessoa procure o vigilante mais próximo, que tomará as medidas cabíveis.

A UFMT conta com as parcerias da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Polícia Federal visando à resolução de incidentes, bem como assegurar a integridade das pessoas e do patrimônio institucional. As ocorrências verificadas pela equipe de segurança são registradas para manter o monitoramento e ações que busquem segurança no Campus. Importante lembrar que, mesmo neste caso, as pessoas envolvidas são orientadas a registrar formalmente o ocorrido junto à autoridade policial, que é a instituição competente para dar prosseguimento investigatório e também legal para casos que infringem a lei.

*As universitárias usam nome fictício para ter a imagem preservada

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