Os responsáveis pela defesa do cabo Lucélio Gomes Jacinto, acusado de atirar e matar o tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, alegaram que o militar foi induzido ao erro quando realizou o disparo de fuzil que acertou a vítima.
A defesa foi feita durante o julgamento realizado nesta quinta-feira (24). Os advogados Marciano Xavier e Jânia Mikaelle Godoy Monteiro Matos negaram que havia intenção para o militar matar o colega de farda. Portanto, o cabo Jacinto deveria ser responsabilizado, pela mentira, ao alegar que ocorreu um confronto policial, mas não por dolo em matar o comandante.
“Não houve dolo e também não houve culpa”, defendeu Xavier. O advogado argumentou que, assim que o cabo Jacinto viu um vulto na mata, houve o erro de fato, conforme o Código Penal Militar. “Houve uma falsa interpretação da realidade, pelo contexto, o sujeito acha que o oponente é de fato um oponente, mas, na verdade, é um amigo”, explicou.
O representante do réu pontuou ainda que a reprodução simulada indicou que, com o apagar das luzes artificiais no local, não seria possível diferenciar o indivíduo, quer ele estivesse uniformizado ou não.
O ocorrido
O tenente Scheifer morreu, no dia 13 de maio, em uma região de mata na zona rural do distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (670 km de Cuiabá), durante uma operação da qual era o comandante. O objetivo era prender suspeitos de praticar crimes da modalidade novo cangaço.
Condições estruturais
Matos, por sua vez, apontou o sucateamento do Bope como causas da morte do militar. A advogada disse que os policiais atuavam com coletes vencidos, fuzis doados pelo Exército Brasileiro, sem kit de atendimento pré-hospitalar (APH) e rádios comunicadores de lapela. Esses fatos, afirmou, foram reconhecidos em relatórios produzidos por ex-comandante do Batalhão.
“Agora há equipe de inteligência junto com a patrulha, foi feita a troca de fuzis e coletes, há regulamentação de curso de formação de instrutores de APH de combate”, complementou.
Sem motivação
A falta de motivação para matar o tenente Scheifer foi o argumento apresentado por Xavier com relação ao sargento Joailton Lopes de Amorim e, por Yasmim Abreu, representante do soldado Werney Cavalcante Jovino.