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Capital de haitianos, Cuiabá começa a receber venezuelanos nesta-sexta-feira

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Capital de haitianos, Cuiabá começa a receber venezuelanos nesta-sexta-feira
Refugiados venezuelanos se preparam para deixar Boa Vista com destino a São Paulo Antonio Cruz/Agência Brasil

Uma das cidades que mais recebe haitianos no Brasil, com uma população de mais de 2 mil pessoas, Cuiabá, assim como São Paulo e Manaus prepara-se para receber os primeiros refugiados da Venezuela. À capital paulista eles chegam nesta quinta-feira (5). Já em Cuiabá, o primeiro grupo, com 69 pessoas, desembarca nesta sexta-feira (6), a partir das 11h.

Os refugiados serão levados de ônibus ao Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, no bairro Carumbé, em Cuiabá.

Representantes da Agência da Onu para Refugiados (Acnur), do Ministério do Desenvolvimento Social e outros aliados como a OIT estiveram na capital de Mato Grosso nesta semana para acertar os últimos detalhes da recepção aos venezuelanos. As entidades nacionais e internacionais contam com colaboração do Governo Estadual e da Prefeitura de Cuiabá.

A Casa de Apoio tem se preparado para receber famílias, em especial, mulheres e filhos. Dada a urgência em recebe-los, a casa não tem recebido mais migrantes já que operará em sua capacidade máxima com a chegada dos venezuelanos.  “Somos uma casa de acolhida, atendemos qualquer pessoa, independente da raça ou religião. Mas vale ressaltar, não é residência, então, tem que ser uma breve passagem, especialmente, quando tem criança.

Enquanto isso, os haitianos continuam a chegar. No dia em que a reportagem foi até ao Centro de Apoio Pastoral do Migrante, no bairro Carumbé, quatro deles haviam acabado de chegar do Chile, onde tiveram pertences roubados. Vieram procurar abrigo na cidade.

De acordo com a coordenadora da pastoral, Eliana Vitaliano, eles têm chegado diariamente. “Eles não pararam de vir. Muitos vieram a convite de suas famílias e vão para casa dos parentes. Muitos conseguiram empregos fixos e já estão estabelecidos, mas têm os que não conseguem se acomodar na cidade, não conseguem trabalho. Mas como esta é uma casa de passagem eles têm o tempo contado, que seria de 45 dias para arrumar trabalho, conseguir o primeiro salário e arrumar um lugar para morar”, explica.

Sendo assim, este é o tempo que os venezuelanos atendidos por este processo de interiorização no Brasil devem ter para se estabelecer em Cuiabá. “Aqui pode entrar quando a vaga é liberada”. Mas em fevereiro, como foi divulgado pelo Livre, empresários já haviam feito um primeiro contato com o Centro de Apoio, oferecendo emprego no campo, no interior do Estado.

Os venezuelanos que chegam a Cuiabá nesta sexta-feira, tem intenção de se estabelecer na cidade. Todos que são atendidos pelo programa de interiorização do Governo tem essa intenção. Exceto, os que permanecem em Roraima na esperança de voltarem para Venezuela. Muitos deixaram familiares lá. Em Boa Vista, muitos foram alvos de animosidade, com a ocorrência, inclusive, de conflitos em ocupações de prédios antes abandonados e que serviram de abrigo para os venezuelanos. Alguns foram incendiados. Uma parte dos migrantes também teria ficado muito doente, por conta de um surto de sarampo, ao que tudo indica, já controlado.

“Temos que pensar que poderíamos estar nesta mesma situação, poderiam ser nossos filhos. Temos que acolher, pois apesar de ser diferente, não é desigual. Estamos nos dedicando muito e contando com as doações, que continuam chegando, e ajuda de voluntários”.

A Casa do Migrante recebe recursos de doação e da Pia – Sociedade dos Missionários de São Carlos. Parte do auxílio também vem do município. Conta ainda, com parceiros como o Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego e OIT, que auxiliam com a consultoria de documentação e ações e cursos para capacitação, a exemplo.

Interiorização

De acordo com a Agência Brasil, o processo de interiorização foi uma estratégia adotada para proporcionar melhores condições aos imigrantes venezuelanos que querem viver e trabalhar no Brasil. Com esse objetivo, o governo federal, com apoio técnico do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional de Migração (OIM), ligadas à ONU, buscou vagas em abrigos de prefeituras, governos estaduais e na sociedade civil para receber os imigrantes.

Os imigrantes que aderiram, de forma voluntária, ao chamado processo de interiorização aceitaram deixar Roraima para buscar oportunidades em outras localidades. Antes do deslocamento, todos foram devidamente imunizados em relação a doenças como sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, difteria, tétano e coqueluche.

Os venezuelanos passaram por regularização migratória junto à Polícia Federal – por meio de solicitação de refúgio ou de residência temporária. Também foi verificada a adequação do perfil dos abrigados à localidade de destino.

O primeiro voo da Operação Acolhida deixou o aeroporto de Boa Vista antes das 10h (horário de Brasília) e tem previsão de chegada à Base Aérea de Guarulhos às 13h. Três ônibus levarão 83 imigrantes para um abrigo administrado pela prefeitura de São Paulo; 29 irão para um abrigo administrado pela sociedade civil e outros quatro a um local de acolhimento do estado de São Paulo.

O segundo voo deixará Boa Vista na sexta-feira, também às 8h (horário local) e chegará à base aérea de Cuiabá às 11h. Ônibus transportarão 69 pessoas a um abrigo administrado por uma organização da sociedade civil.

O mesmo voo sai de Cuiabá às 12h30 e chega à base área de Guarulhos às 15h30. Desse grupo, 77 vão para abrigos da prefeitura de São Paulo e cinco vão para local de acolhimento administrado pelo estado de São Paulo.

A interiorização não terá custo para os venezuelanos. As viagens serão custeadas com os R$ 190 milhões liberados ao Ministério da Defesa por meio da medida provisória 823/2018, que trata da assistência emergencial e acolhimento humanitário das pessoas que deixaram a Venezuela.

Segundo a Casa Civil da Presidência da República, responsável por coordenar o comitê federal, de caráter interministerial, que busca assegurar melhores condições aos estrangeiros do país vizinho, o critério aplicado nesse primeiro transporte foi a disposição dos próprios venezuelanos, que voluntariamente se dispuseram a partir, e a existência de vagas em abrigos nas cidades de destino.

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