Muitos duvidavam, chegavam a fazer pouco caso. Apostavam que um presidente tosco e despreparado, sem qualquer noção de como conduzir negociações no Congresso pudesse sair vitorioso e emplacar a Reforma da Previdência de que o Brasil tanto precisa.

Foi a ideal? É claro que não! Mas foi o início – e a partir daí – cria-se o clima para a Reforma Tributária e outras que começarão a rodar. E pelo andar da carruagem já se arrisca a dizer que até o final de setembro estará também devidamente aprovada no Senado. Por incrível que pareça é, sim, o melhor dos mundos.

É importante fazer alguns registros: Bolsonaro mudou, sim, o jeito de fazer política com o Congresso. Se não acabou, em muito diminuiu o toma lá dá cá; a participação do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mesmo que muitas vezes altamente contrariado, querendo não assumir o desgaste das negociações partidárias, levou-o a um outro patamar de responsabilidade que não o que estava habituado; os partidos, apesar de ainda estarem meio perdidos pela falta de traquejo no trato das negociações, entenderam seu papel e a votação em dois turnos da Reforma foi o maior quórum da história da Câmara.

Tudo resolvido? Nem de longe! Mas se olharmos o que já mudou nesse nosso velho e sofrido Brasil a partir das eleições de outubro de 2018 temos a clareza de que somos um novo país. A nossa economia, ainda a passos de tartaruga, começa a movimentar-se e a Bolsa de Valores atinge índices estratosféricos jamais alcançados; A taxa de juros nunca esteve tão baixa e com tendência de continuar caindo e isso não é algo inventado pelo governo.

A infraestrutura começa a caminhar a passos largos com a retomada de obras que estavam abandonadas há anos. As ferrovias que eram apenas planos de governo começam a sair do papel.

Pena que o que domina o debate na imprensa e nas redes sociais não são temas relevantes para o país e sim coisas miúdas, comezinhas, onde a esquerda não quer perder o discurso, não quer recordar como conduziu a política externa desse Brasil, mas quer que o Embaixador em Washington não seja o filho do Bolsonaro, apesar da manifestação de simpatia explícita do Presidente Trump, afago jamais feito a qualquer outro pretendente de qualquer país, dando ao Brasil importância jamais dada por qualquer outro presidente americano.

Enquanto em Brasília e alhures se discute se a ida de Eduardo Bolsonaro para a Embaixada em Washington será boa para o Brasil, o país comemora o acordo de livre comércio com a União Européia. Para o Mercosul, representa o fim de uma política comercial isolacionista que já durava mais de 20 anos sem a assinatura de acordos comerciais relevantes, dando um novo fôlego para o bloco regional, que parecia adormecido nas suas relações internacionais e na relevância política interna concedida pelos governos.

Mato Grosso, ao contrário, não tem muito a comemorar. Apesar do esforço do governador Mauro Mendes em colocar as finanças do Estado em ordem, há um movimento liderado pelo Sintep que tenta solapá-lo de qualquer maneira.

Não se pode atribuir a apenas um ator a responsabilidade de uma grave fora de propósito como essa dos funcionários da educação que já passa de 70 dias. Uma Assembléia leniente, querendo tirar proveito eleitoral do voto do servidor público deu aval e aprovação para que o ex-governador Silval Barbosa, cometesse as irresponsabilidades que cometeu, assegurando aumentos de salários sem saber se cabiam dentro do caixa do Estado.

Veio Pedro Taques e a farra continuou. Em nome de algo que não fora criado por ele, ainda teve a cara de pau de ir defender-se junto ao TCE que apontara gravíssimas irregularidades em suas contas para sair de lá aclamado como inocente. Ou seja, dinheiro público pode, sim, ser gasto irresponsavelmente que ninguém jamais será condenado…

Ora, se uma lei maior, a Lei de Responsabilidade Fiscal, impede qualquer aumento, se o Tribunal de Justiça já sentenciou a ilegalidade da greve, determinando a volta dos professores à sala de aula, estabelecendo multa que é motivo de chacota pelo Sintep que grita aos quatro ventos jamais ter pago um centavo sequer em condenações anteriores, se o Governo do Estado já se comprometeu com o pagamento quando a Receita estiver equilibrada e em condições de assumir o ofertado, cabe perguntar:

Como dar razão a uma categoria, amplamente privilegiada, se comparada a outros Estados – Mato Grosso paga o terceiro melhor salário do país – e oferece como contrapartida o vergonhoso vigésimo primeiro lugar no ranking da qualidade da educação?

O pior é que nem a maioria dos servidores – apenas 38% – mantêm-se na greve. Têm a exata dimensão de uma luta inglória, fora de tempo e causando um enorme prejuízo a toda sociedade. Mães, pais, alunos não merecem pagar por atos irresponsáveis causados por um grande número dos que querem se beneficiar na hora de conceder o que não é possível, porque será sempre mais fácil apontar o dedo para o outro, embora todos, sem exceção, saibam que o prejuízo é irrecuperável. O ano letivo está, definitivamente, perdido.

Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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