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Cães e militares são treinados para salvar vidas juntos

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Cães e militares são treinados para salvar vidas juntos

Ednilson Aguiar/O Livre

Cães do Corpo de Bombeiros

Sheron é a cadela exemplo do curso de Busca, Resgate e Salvamento com Cães do Corpo de Bombeiros

Um curso de treinamento para cães e militares foi iniciado em Várzea Grande no início desta semana. A aula inaugural aconteceu na quarta-feira (18) e contou uma amostra do trabalho de Sheron, a cadela militar que em dois anos de trabalho já participou de mais de 20 salvamentos.

O curso de preparação, coordenador pelo tenente do Corpo de Bombeiros Janisley Teodoro, terá 126 horas e contará com aulas desde noções de veterinária, até busca de restos mortais.

“O objetivo é capacitar o militar a treinar um cão para ser utilizado na operação de busca de corpo e resgate”, disse o tenente.

Ele explicou que o treinamento do cão continua, visto que são necessários dois anos para que ele consiga desempenhar a função perfeitamente e, em algumas vezes, até mais.

O cachorro só pode ser utilizado em atividades de salvamento depois que ele recebe uma certificação. A Sheron, por exemplo, é certificada internacionalmente para realizar atividades de buscas. Os demais cães ainda estão em processo de treinamento.

Ednilson Aguiar/O Livre

Cães do Corpo de Bombeiros

Sheron realizou uma simulação na quarta-feira (18)

Neste curso fornecido pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, estão participando 18 pessoas, entre eles policiais militares, agentes prisionais, guardas municipais de Várzea Grande, bombeiros de todo estado e um de Mato Grosso do Sul.

Todos os participantes são voluntários, visto que é necessário que aja uma afinidade do militar com a convivência com o animal. A maioria deles trouxe o próprio cão, que, após a finalização do treinamento de dois anos, será um membro da corporação.

O tenente Teodoro explicou que o trabalho é feito em dupla, que traz excelentes resultados, e que jamais o cachorro tiraria a figura do bombeiro, visto que é necessário a presença do treinador para que ele seja utilizado.

“Nesse processo de lançar o cão, ele consegue atingir uma área muito maior, em um espaço menor de tempo, visto que demanda um esforço menor do militar. O cachorro é muito mais ágil, o faro dele é muito mais apurado, então isso facilita esse trabalho de busca”, explicou o tenente.

A equipe que dá o treinamento é formada por um coordenador, tenente Teodoro, e sete instrutores.

O coronel bombeiro Alessandro Borges explicou que o curso terá Sheron como um exemplo para os demais cachorros. E frisou a importância de que o treinamento seja iniciado com o homem, para só demais passar para o cão, “para que seja um trabalho integrado que realmente tenha o efeito desejado”, explicou.

Os cães podem auxiliar em vários serviços, como a busca de pessoas perdidas em florestas, ou em rios, quando há pessoas que morreram afogadas, em estruturas que correm o risco de desabar, ou a procura de pessoas embaixo de escombros.

Segundo o coronel Alessandro Borges, o cão não faz a diferenciação se a pessoa está viva, ou morta, mas encontra a vítima através do cheiro e indica a localização dela ao bombeiro.

Ednilson Aguiar/O Livre

Cães do Corpo de Bombeiros

Tenente Teodoro explica que cachorro é muito mais ágil que o homem devido ao faro

Um caso que marcou o coronel, foi um salvamento realizado por Sheron em Colniza (1078 km de Cuiabá). Uma pessoa de Rondônia, que estava na cidade visitando a família, havia se perdido na floresta e uma equipe do Corpo de Bombeiros realizava buscas.

Como não estava encontrando, uma equipe de Colider (632 km de Cuiabá) foi acionada e o helicóptero do Ciopaer buscou o militar e Sheron para realizar a busca.

No mesmo dia a vítima foi encontrada pela cadela na floresta. “Foi muito interessante e isso mostra a importância do trabalho que estamos fazendo de estruturação desse setor”, disse o coronel.

Ele frisou que os cachorros são muito mais rápidos do que o homem, visto que o militar faz buscas de acordo com as informações do local do desaparecimento e a movimentação na área – pegadas, galhos quebrados, enquanto o cão vai pelo olfato.

“Geralmente a família traz um objeto da pessoa desaparecida, ele sente aquele odor e vai procurando. E ele consegue rastrear muito rapidamente com a agilidade e o dom natural que os cães tem, chegando à pessoa, estando com vida, ou não. E facilita nosso trabalho”, contou o coronel.

Os cães trabalham até os oito anos de idade, sendo que podem começar o treinamento de dois anos a partir dos 45 dias de vida. Inclusive quanto antes começar melhor para que ele pegue o treinamento. E as melhores raças são labrador, pastor alemão e dálmata.

Em Mato Grosso, os bombeiros têm preferência por labradores, porém o tenente Teodoro frisou que o dálmata é o cão utilizado nos Estados Unidos.

O tenente contou que a história dos militares com a raça já vem de muito tempo, ele era utilizado, na época em que os bombeiros andavam de carruagem, para direcionar os cavalos.

“Eles ficaram conhecidos como cães de bombeiros por conta disso. Por isso que de vez em quando tem um dálmata com roupinha de bombeiro, remete a essa época”, explicou o tenente.

Sheron é uma labradora e, com as dezenas de salvamentos que já participou, se tornou parte fundamental do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.

O soldado Luiz Carlos Monteiro, que é zootecnista e um dos instrutores do curso, lembrou de outra ação da heroína, quando ela salvou, junto ao capitão Marcondes, um idoso, que havia saído do Abrigo Bom Jesus e entrado em uma mata.

Corpo de Bombeiros

Salvamento Sheron

Salvamento de Francisco Gomes, 83 anos

Francisco Gomes, de 83 anos, ao se perder começou a tirar as roupas. Como a noite ficou frio, ele pegou um lençol e se cobriu. O idoso se perdeu no começo da tarde e as pessoas do asilo haviam passado o dia todo em sua busca, chamando os bombeiros somente no início da noite.

Sheron ainda não tinha a habilidade de reconhecer alguém embaixo de um lençol na época, então sentiu o odor do idoso e saiu de perto. O treinador estranhou o comportamento dela e reiniciou o processo de busca. Na segunda tentativa ela cheirou o idoso e começou a latir.

“Ai o capitão foi lá, puxou o lençol e até levou um susto, porque o senhor estava só de cueca. E provavelmente, se não tivéssemos o achado, ele teria morrido”, disse o soldado.

Nesse caso deu tempo de encontrar a vítima com vida, mas o bombeiro Luiz Carlos Monteiro frisou a importância de que o Corpo de Bombeiros seja acionado no início das buscas.

“As pessoas iniciam a parte de procura, não encontram, vê que passou cinco horas, ai que eles ligam para os bombeiros. Mas quanto antes chamar melhor, porque o odor fica mais fácil para os cachorros”, explicou.

 

 

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