Um novo grupo de imigrantes, com aproximadamente 80 haitianos, chegou a Mato Grosso na última segunda-feira (10). Só que, desta vez, viajando por uma nova rota: saindo do Chile para a Bolívia, de San Matías em direção a Cáceres. Contando com a solidariedade dos cacerenses e apoio da Prefeitura, eles estão abrigados no Ginásio de Esportes da cidade, o Didi Profeta, aguardando o momento de regularizarem a entrada e com o sonho de permanecer no Brasil.
Segundo voluntários que atuam em pastorais e órgãos dos direitos humanos, eles estariam buscando novas portas de entrada, porque algumas das cidades mais acessadas já estariam saturadas e as oportunidades de trabalho cada vez mais escassas.
É o que o ocorre hoje em Corumbá (MS). Por vezes, os imigrantes chegam até lá via Bolívia, porém, têm muitas dificuldades em se manter – estadia e alimentação – e, ainda, oficializarem o ingresso no país com a aprovação do refúgio junto à Polícia Federal, que opera em passos moderados por conta da troca de sistemas de informação.
Ele se comove ao contar que o pai permanece por lá, doente, sem tratamento e sem condições financeiras para chegar até a capital mato-grossense. “Muitos dormem na rodoviária da cidade, pois não têm dinheiro e muito menos emprego para se manter. Fico preocupado também, pois aqui as oportunidades de emprego também estão limitadas, no entanto, podemos contar com ajuda humanitária e eu tenho esperança”.
De acordo com um dos coordenadores do Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Biènnes, em Cáceres, o professor Edson Penha Mendes, os imigrantes recém-chegados não falam português e estão contando com a ajuda de um outro conterrâneo que vive na cidade, para se comunicarem. Segundo ele, os haitianos almejam em ir ao encontro de parentes e amigos que se estabeleceram em várias capitais brasileiras, principalmente São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Santa Catarina, Curitiba e Cuiabá.
Mesmo que alguns deles estejam bem próximos da capital mato-grossense, eles podem ter que esperar mais alguns dias para seguir viagem, já que, de acordo com Edson Mendes – que também tem voltado seus esforços para acompanhá-los -, a sede da PF em Cáceres só tem capacidade para atender sete pessoas por dia. A demora se agrava com a mudança de sistemas de informação do órgão federal.
“E, assim, a expedição do pedido de refúgio vai demorar um pouco”.
Segundo Edson, o grupo é, em sua maior parte, composto por homens, mas há duas mulheres grávidas e uma criança.
A demora no agendamento da Polícia Federal tem impactado a realidade dos imigrantes que chegaram há mais de um mês ao Centro Pastoral do Migrante, em Cuiabá. “Infelizmente, por não terem sua situação regularizada, muitos têm necessitado de abrigo por mais tempo. E sem a carteira de trabalho, por vezes perdem oportunidade de empregos”, relata a coordenadora do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, Eliana Vitaliano.
O LIVRE procurou a Polícia Federal para saber mais sobre a situação, mas responsáveis pela assessoria de comunicação não foram localizados.