A briga entre caminhoneiros por uma vaga na fila de combustível do Posto Mirian, em Matupá (680 km de Cuiabá), que culminou com a morte de Valdeci Santos e a prisão de Darci Rocha, tem um novo capítulo.
O Ministério Público acaba de oferecer denúncia contra Darci, pela autoria de homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
No dia 20 de julho eles travaram uma discussão, seguida de agressões mútuas e disparos de arma efetuados por Darci Rocha, atualmente preso na Cadeia Pública de Peixoto de Azevedo.
A briga foi registrada em câmeras de vigilância (veja abaixo).
Na acusação encaminhada à Vara de Justiça do município, a promotora Rebeca Santana Rêgo alega que a discussão foi por motivo banal, em uma fila de combustível, mediante recurso que dificultou a defesa do ofendido, já que aponta como elemento surpresa a utilização de arma de fogo e meio cruel, por diversos disparos.
“Ao manobrar seu veículo sentido à bomba de abastecimento, o
denunciado veio de forma sorrateira furar a fila de automóveis a serem atendidos”, diz trecho da denúncia.
Mas a defesa do acusado contrapõe algumas situações apontadas pela promotoria. E que, segundo os advogados de defesa, também divergem do Boletim de Ocorrência registrado no dia do fato.
Ao pedir a revogação da prisão preventiva e/ou substituição da medida cautelar imposta, encaminhada à Vara de Justiça no dia 30 de julho, estes e outros pontos são confrontados pela defesa.
A acusação de que ele teria furado a fila é uma delas. De que teria pego uma barra de ferro para ameaçá-lo, também.
O acusado teria sacado a arma que utilizava como medida de segurança contra roubos na estrada, para se defender, por temer pela morte ao ser atacado pela vítima, com a barra de ferro. Darcy alegou que também teria dado um tiro na perna de Valdeci para assustá-lo, mas como ele continuou reagindo, teria agido em sua defesa. E que só saiu do local por medo de ser atacado por outros caminhoneiros da mesma frota que Valdeci.
Darci abandonou o caminhão no estacionamento da empresa que trabalhava e foi encontrado em uma região de mata, atrás do posto.
“Rebite”
No documento em que os advogados pedem a revogação da prisão, Darci declara que a vítima estava bastante exaltada, como se tivesse feito uso de drogas. Mas a promotoria atribui as drogas a Darci.
“Importante lembrar que em buscas no interior do veículo do autuado foi possível encontrar a arma de fogo usada para cometer o crime (…); e 16 (dezesseis) unidades de substância análoga a anfetamina (rebite), dentre outros objetos pessoais, conforme termo de exibição e apreensão”, diz trecho da denúncia.
No entanto, a defesa elaborada pelos advogados Silvio Eduardo Polidorio, Suelen Daiana de Araujo Canova, Luana Cristina de Araujo Canova e Marcus Augusto Giraldi Macedo, é apontada o que seria um erro da promotora.
Os advogados ressaltam que o boletim de ocorrência registra a apreensão da droga no caminho da vítima, Valdeci Santos – e não do acusado.
A defesa tenta a revisão e readequação da medida cautelar imposta, alegando que o acusado é idoso e não tem condições de saúde para permanecer na prisão, sugerindo medidas cautelares e, até mesmo, prisão domiciliar até o julgamento.
A decisão será avaliada pela Vara de Justiça e deve ser anunciada nos próximos dias.