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Brexit e Theresa May: uma combinação impossível

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Brexit e Theresa May: uma combinação impossível
(EPA/HANNAH MCKAY)

Theresa May, primeira-ministra britânica, fez campanha contra a saída do Reino [não tão mais] Unido da União Européia com o slogan “Brexit é loucura”.

Ironicamente, coube à política “tory” (Partido Conservador) negociar com a capital burocrata-autocrata da União Européia, Bruxelas — na “inexistente” Bélgica — um acordo para a saída da UE aprovada em REFERENDO pela população britânica.

Theresa fracassou fragorosamente, conseguindo que seu plano “meia boca”, ou “mole”, como definido, fosse chumbado no parlamento com os votos contrários dos próprios membros do seu partido — além de toda a oposição: 432 votos contrários ao acordo; 202 favoráveis.

Cada um votou contra por um motivo diferente: a extrema-esquerda do Partido Trabalhista, chefiada pelo caudilho tresloucado Jeremy Corbyn, o fez porque quer um novo referendo (para obter resultado diverso) e não aceita o Brexit — ainda que, agora, não se diga totalmente contra.

Os Unionistas votaram contra porque são favoráveis à ruptura total com Bruxelas, sem concessões.

Os Liberais-democratas são europeístas, assim como os Verdes.

Os independentistas escoceses não querem sair da UE, sendo que a Escócia teve fortalecimento dos novos pedidos por “independência” do Reino Unido reavivados, mesmo após a negativa em referendo de 2014, agora por “novos motivos”.

E os Tories puro-sangue, como Boris Johnson e Jacob Rees-Mog, dizem que o “acordo” com a UE não é um acordo, mas uma capitulação.

O pomo da discórdia, ou melhor, a ponta do iceberg, foi a situação da Irlanda do Norte: considerando o acordo a “impossibilidade” de se criar no Ulster uma efetiva barreira aduaneira com a República da Irlanda (país que não compõe o Reino Unido mas divide o nordeste na ilha com o enclave britânico) culminaria com uma fronteira aberta entre as Irlandas e uma “fronteira interna” no mar da Irlanda, obrigando o controle de pessoas e mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Grã Bretanha (ilha onde ficam Inglaterra, Gales e Escócia), um Reino Dividido.

Uma vez derrotada May e sua proposta, a oposição lançará hoje uma moção de desconfiança contra a política, que, ironicamente, deve sair vitoriosa para voltar à Bruxelas e renegociar o que, aparentemente, já é inegociável: Jean Claude Juncker, o cambaleante “Presidente” da Europa (a causa dos cambaleios seria, ele alega, problema de ciática, outros o acusam de ser um bêbado rematado), disse que o único plano possível (!) para a saída do reino Unido seria esse, o fracassado plano de May.

Não custa lembrar que a própria May fez seu partido Conservador perder a esmagadora maioria no Parlamento por uma insana sugestão de eleição antecipada após a saída do ex-premier David Cameron – que também era contrário ao Brexit.

Além de tudo, em breve cessa o prazo para a saída do Reino Unido da UE, e não havendo acordo, repentinamente empresas e pessoas físicas estrangeiras ficarão em situação de incógnita na terra da Rainha Elizabeth.

May não parece ter condições de negociar o Brexit, mais que isso, ela parece não querer que a vontade popular seja seguida.

* Fernando Henrique Leitão é advogado e membro do Instituto Caminho da Liberdade – ICL-MT

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