A crise no setor de energia elétrica voltou a rondar o Brasil, com alguns fatores acendendo o alerta para a possibilidade de racionamento. Além da baixa quantidade de chuvas e a entrada no período seca, o aumento no consumo, com mudança no horário do pico, e a situação de pandemia entraram na análise.
Relatório da Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS) mostra que os reservatórios de hidroelétrica no país estão em nível “preocupante”, por causa da quantidade bem menor de chuva e pela previsão de seca mais intensa a partir desta semana.
Presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo Oliveira diz que outros fatores chamam a atenção para a situação. A distribuição de energia elétrica caiu 2,2% no país no ano passado e, na contramão, o consumo de energia elétrica aumentou em 14% apenas em abril deste ano.
Inverno e pico consumo mais cedo
Os fatores climáticos são calculados pela entrada do inverno, de 20 junho e até à última semana de setembro. A tendência é que o consumo de energia elétrica aumente pela característica de a luz do sol ficar disponível por menos tempo.

“No inverno há menos luz ao fim do dia, então se consome mais energia elétrica, porque as lâmpadas são ligadas mais cedo. E com essa situação de pandemia, as pessoas já estão mais em casa, consumindo mais energia”, explica.
Segundo o empresário, outro fator é a mudança no horário de pico de consumo, puxado pelas indústrias. A demanda passou a ser maior entre às 10h e 14h, intervalo em que as indústrias estão se concentrando mais na produção.
Para os analistas, a mudança significa que haveria a necessidade de reativação do horário de verão, como eventual de medida da demanda.
“A situação está preocupante. Foi instalada uma comissão para acompanhá-la em junho, mas se a economia reaquecer no segundo semestre, poderemos ter necessidade de racionamento em setembro ou outubro”, afirmou Gustavo Oliveira.