Crônicas Policiais

Bombeiros afirmam terem sofrido atentado e prefeito os denuncia por abuso de autoridade

Segundo denúncia contra bombeiros, militares não teriam sofrido atentado, mas sim atirado em própria viatura e feito família refém

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Bombeiros afirmam terem sofrido atentado e prefeito os denuncia por abuso de autoridade
(Foto: reprodução)

O caso de uma viatura do Corpo de Bombeiros alvejada em Cotriguaçu (975 km de Cuiabá) será alvo de investigação da Polícia Civil de Mato Grosso. Isso porque quatro bombeiros militares registraram um boletim de ocorrência afirmando terem sido alvos de um atentado, enquanto o prefeito da cidade, Olírio Oliveira dos Santos, acionou a polícia para denunciar os militares por possível abuso de autoridade.

Versão dos bombeiros

Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo 2º sargento de 37 anos, às 18h40 da sexta-feira (20), ele os outros três colegas do 14º CIBM transitavam pela estrada principal do Assentamento da Vila Nova União, em deslocamento para conter um incêndio, e pararam ao pé de um morro para arrumar a carga na carroceria da caminhonete, uma Mitsubishi L200 branca.

Ainda conforme relato do militar, enquanto arrumavam a carga, os bombeiros foram surpreendidos por um homem, que saiu do mato e atirou duas vezes em direção à equipe, acertando a porta traseira do veículo, do lado esquerdo. A arma utilizada, conforme o boletim de ocorrência, seria uma calibre 38.

Em defesa, o 2º sargento atirou de volta na direção do suspeito. Ele disse acreditar ter atingido o suspeito, que correu para o mato e não foi localizado.

Os bombeiros foram atrás do atirador e encontraram um barraco de lona. No local teriam sido localizados e apreendidos uma espingarda com coronha de madeira e acabamento oxidado sem identificação da marca e numérica, seis cartuchos de calibre 32, nove cápsulas calibre 32, quatro motosserras, três peneiras, uma bateia utilizada para mineração e um couro de onça pintada.

Os bombeiros afirmam que após isso foram para Colniza para registrar o caso. O boletim foi registrado como tentativa de homicídio doloso.

Versão denunciada pelo prefeito

Já no sábado (21), o prefeito de Cotrigaçu, Olírio Oliveira dos Santos, entrou em contato da Polícia Militar via WhatsApp para denunciar que havia recebido uma denúncia de abuso de autoridade de bombeiros militares em Nova União, distrito de Cotriguaçu.

Diante do pedido do prefeito, uma equipe militar foi até o sítio de um homem de 39 anos, que contou que na sexta-feira (20), ao chegar no mato às 17 horas com um homem de 41 anos e um adolescente de 13, onde estavam roçando, foram rendidos por quatro bombeiros e levados para dentro de sua casa.

Na casa, segundo relato do sitiante, um sargento militar ficava a todo momento os ameaçando, dizendo se queriam ser presos ou morrer. Em seguida, o sargento teria pegado o revólver de um soldado bombeiro, aberto a porta da viatura e dado dois tiros na porta.

Depois, levado o sitiante até o mato, efetuado três tiros ao lado de sua cabeça e dito para o homem de 41 anos que era para ficar no mato por cinco dias e retornar com o corpo enfaixado, falando que estava baleado, que se fizesse diferente disso eles iriam voltar e matar toda a família.

O dono do sítio relatou também que o sargento pediu para ele dizer que os militares estavam no local para atender uma ocorrência de fogo e que caso não falassem isso toda a família seria morta.

A esposa do dono do sítio, de 40 anos, afirmou que foi colocada em cárcere privado pelos bombeiros das 11h30 até as 17 horas -, tempo em que os bombeiros teriam esperado até a chegada de seu marido. E que eles teriam ateado fogo nos pastos e plantas do sítio e cortado a mangueira de água que vem do poço artesiano do local.

“Ameaças de morte”

Ela afirmou também que, quando seu filho, de 13 anos, chegou do mato, onde havia ido levar almoço para o pai, os bombeiros teriam ameaçado colocar uma sacola na cabeça do adolescente, ou bater nele com cabo de vassoura. E que foi proibida de comer com os filhos, pois não podia sair do local, pois era ameaçada de morte. E que para ir ao banheiro tinha que fazer as necessidades com a porta aberta.

O dono do sítio também afirmou à polícia que todos os militares estavam armados e que um soldado chegou a dizer a ele que não era para ele falar muito, pois o objetivo deles ali era matá-lo. Mas a vítima acredita que se trata de uma disputa de terras entre ele e um fazendeiro vizinho e que o objetivo real dos bombeiros era colocar medo nele.

Segundo a família, foram levados do local quatro motosserras que estavam guardadas no paiol, um roteador, quatro peneiras, uma bateia e uma espingarda calibre 32, que estava dentro da casa, desmontada.

Os documentos pessoais do dono da casa e do homem de 41 anos também teriam sido levados e os bombeiros teriam os mandaram buscar no sábado na Padaria Central da cidade. Fotos também teriam sido tiradas dos dois e eles teriam sido ameaçados que se não fizessem tudo que foram mandados “a morte era certa”.

O caso foi registrado como incêndio, abuso de autoridade, ameaça, sequestro e cárcere privado, disparo de arma de fogo, violação de domicílio, furto e privar criança ou adolescente de sua liberdade em desacordo com a lei.

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