O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve usar as polêmicas sobre invasão do MST (Movimento Sem Terra) e o marco temporal das terras indígenas na sua estratégia eleitoral para evitar a maior aproximação do agronegócio em Mato Grosso aos partidos vinculados ao PT.
Segundo o jornal O Globo, esses assuntos foram explorados por Bolsonaro em discurso no encontro da semana passada, com prefeitos, deputados, senadores e o governador Mauro Mendes (União Brasil).
A aliança de parte dos empresários do agro com Lula foi confirmada nas convenções partidárias encerradas na sexta-feira (5). O deputado federal Neri Geller (PP), ex-ministro da Agricultura e candidato ao Senado, e o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD) são os políticos responsáveis pela articulação – o último está nomeado coordenador da campanha petista no estado.
Em articulação por fora do acordo eleitoral, está o também ex-ministro da Agricultura e empresário do agro, Blairo Maggi (PP).
Conforme o site, no discurso na reunião de quarta-feira (3), no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que a invasão de propriedades rurais por MST caiu de uma por dia para quatro por ano, na comparação com os governos do PT e o atual – dados apresentados pelo presidente.
Também disse que a indefinição do marco temporal para demarcação de terra indígenas seria algo a ser temido pelos produtores rurais. O argumento foi que, se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir contra a medida, “as chaves do país devem ser entregues a quem quiser”.
O processo está pendente no Supremo, nas mãos do ministro Edson Fachin.
O desgosto de empresários do agronegócio com Bolsonaro, a quem apoiaram nas eleições de 2018, passa pela relação diplomática do Brasil com os compradores de commodities do país. O principal caso seria da China, a principal compradora.
Nos últimos anos, a relação entre os dois países ficou estremecida pelas críticas do governo Bolsonaro às escolhas políticas dos chineses.